Em 2024, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do
RN (Sesap) registrou déficit orçamentário de R$ 139,5 milhões, segundo
informações disponíveis no relatório anual de gestão da pasta a que a TRIBUNA
DO NORTE teve acesso. Segundo o documento, “a situação indica que o desembolso
para a execução financeira de 2024 está expresso abaixo da necessidade, o que
exige um acompanhamento atento e possivelmente uma revisão das prioridades
financeiras para garantir o cumprimento das obrigações essenciais”. Procurada,
a Sesap esclareceu que o Governo do Estado enfrentou dificuldades financeiras
no ano passado por conta da queda de arrecadação do ICMS.
O relatório cita que o déficit é resultado da
diferença registrada entre a necessidade financeira total, de R$
2.104.558.358,03 e a cota autorizada normal, de R$ 1.965.015.229,81, e “indica
uma possível falta de recursos para a execução total do orçamento”. A
necessidade financeira total representa o montante que foi estimado como
necessário para cobrir todas as despesas previstas pela Sesap ao longo do ano,
enquanto a cota autorizada normal é o valor autorizado pelo governo para cobrir
essas despesas.
Ao ser questionada sobre os impactos do déficit, a
Secretaria afirmou apenas que “segue realizando o trabalho de equalização das
contas, em permanente negociação com fornecedores e prestadores de serviços,
mantendo todos os serviços à população em pleno funcionamento, serviços esses
que vêm passando por franca expansão e qualificação desde 2019”. De acordo com
a Sesap, a situação deficitária tem relação com a diminuição da alíquota modal
do ICMS e com as leis federais 192 e 194, de 2022, que geraram “impacto direto
em áreas prioritárias, como a saúde”.
As legislações citadas pela pasta entraram em vigor
em 2022 e estabeleciam justamente a redução da alíquota do ICMS em todo o País.
O relatório da Sesap aponta, ainda, recuo de 11,86% no número de cirurgias eletivas
realizadas no ano passado no Estado em comparação com 2023 (foram 13.300
cirurgias em 2024 e 15.090 no ano anterior). Sobre a questão, a Sesap informou
que “o relatório anual de gestão encontra-se em processo de construção e que,
diante disso, os dados citados não fazem jus ao quadro real”.
De acordo com a pasta, as cirurgias eletivas “não
registraram queda e sim um aumento, tendo sido executadas apenas nos hospitais
sob gestão da Sesap, 16.284 cirurgias, número recorde na série histórica, que
ultrapassa o recorde anterior de 13.081 registradas em 2023”. A Secretaria
também rebateu os números sobre procedimentos de alta complexidade apresentados
no relatório. De acordo com o documento, foram 66.689 procedimentos em 2024. A
Sesap detalhou que foram 89.605 procedimentos.
“Conforme dados atualizados pelo Ministério da Saúde
na segunda semana de janeiro, o RN alcançou a liderança nacional de execução da
alta complexidade com base na população”, afirmou a Sesap. Outras informações
presentes no relatório apontam que o resultado de alguns indicadores ficou
aquém da meta estabelecida pela pasta. Um desses indicadores é o da vacinação
para crianças menores de dois anos, cuja meta era de 70%. O resultado
alcançado, no entanto, foi de 40,11%.
A Sesap respondeu que em 2024 a vacinação “manteve a
tendência de crescimento da cobertura registrada nos anos recentes, após as
mudanças de condução da política do Programa Nacional de Imunizações”. Ainda
segundo a Secretaria, “no ano passado, o Estado alcançou um aumento na
aplicação de 18 das 19 vacinas do calendário vacinal, com destaque para os
desempenhos das vacinas para BCG, hepatite B, pneumo 10 e meningo C, todas
superando os 90% de cobertura vacinal, com a BCG alcançando 99,43% do
público-alvo. A pasta disse que “os números refletem o trabalho conduzido pela
Sesap, em parceria com os municípios, para incremento das coberturas vacinais”.
Já na Secretaria Municipal de Saúde de Natal
(SMS/Natal), até o início desta semana, houve o reconhecimento de mais de R$ 74
milhões em dívidas. Os valores foram publicados em edições do Diário Oficial do
Município (DOM) e reconhecidos pela secretária interina da pasta, Rayane
Araújo. As dívidas, conforme as publicações, são referentes à gestão executiva
anterior, encerrada em 31 de dezembro de 2024. A reportagem procurou a SMS
Natal para obter um esclarecimento em torno da questão, mas não houve retorno
até o fechamento desta edição.

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