A notícia é da Polícia Civil do RN. Policiais
civis do Departamento de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DECCOR-LD),
em conjunto com a 80ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz, deflagraram, nas
primeiras horas desta sexta-feira (21), a "Operação Linha de
Produção", com o objetivo de desarticular um grupo suspeito de alterar,
suprimir e ocultar documentos públicos da Prefeitura de Santa Cruz. O
vídeo abaixo mostra o momento do cumprimento de um desses mandados, quando a
delegada da PCRN, Karla Viviane, bate a porta de um dos
"visitados".
As investigações apontam que as irregularidades
teriam sido cometidas por integrantes da gestão municipal anterior (2021-2024),
logo após as eleições de 2024. Em 2025, a nova administração constatou a
ausência de documentos essenciais para a continuidade dos trabalhos. No dia 10
de janeiro, esses documentos foram localizados em um imóvel alugado "em
caráter emergencial" pela gestão anterior, após a derrota eleitoral.
Durante a apuração, a Polícia Civil identificou a
existência de uma estrutura clandestina voltada à adulteração documental,
operada por ex-servidores e contratados já exonerados. No local, foram
encontrados processos administrativos alterados, documentos suprimidos e
indícios de pagamentos irregulares.
Além disso, a nova administração municipal denunciou
que os computadores da prefeitura teriam sido formatados, comprometendo
informações essenciais. Diante desse cenário, foi decretado estado de
calamidade administrativa no município.
A operação resultou no cumprimento de 11 mandados de
busca e apreensão domiciliar nas cidades de Natal, Parnamirim, Macaíba e Santa
Cruz, além da aplicação de nove medidas cautelares diversas da prisão. Entre as
restrições impostas pela Justiça, destaca-se a proibição dos investigados de
acessarem qualquer dependência da Prefeitura de Santa Cruz, especialmente o
setor de arquivos, onde teriam sido realizadas as adulterações. Até o momento,
uma pessoa foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo no município
de Santa Cruz.
O nome da operação faz referência à estrutura
organizada descoberta no local que abrigava o "arquivo morto" da
prefeitura. As investigações identificaram um esquema estruturado de
adulteração documental, funcionando em etapas bem definidas. Na fase de
manipulação digital, computadores e impressoras eram utilizados para produzir
documentos adulterados. Em seguida, na etapa de análise documental, mesas eram
organizadas para revisar os procedimentos administrativos e identificar
pendências, como assinaturas ausentes. Por fim, na fase de fraudes e
digitalização, páginas de processos eram rasgadas ou substituídas antes da
digitalização e novo arquivamento.
Entre os indícios de irregularidades encontrados,
destacam-se procedimentos sem assinaturas, acompanhados de anotações sobre as
pendências, páginas parcialmente suprimidas, onde assinaturas eram retiradas e
substituídas antes da digitalização, e processos financeiros com pagamentos
efetuados sem a devida liquidação, caracterizando possível desvio de recursos
públicos.
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte segue com as
investigações para aprofundar as responsabilidades e identificar todos os
envolvidos. A população pode colaborar repassando informações de forma anônima
pelo Disque Denúncia 181.
Blog do Gustavo Negreiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário