O Rio Grande do Norte, sob alerta de chuvas intensas
na quarta-feira (5) e na quinta-feira (6), choveu na capital potiguar em 12
horas, um acúmulo superior a 90 milímetros, segundo o Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A região maior
precipitação foi a de Ponta Negra, na Zona Sul. No maior cartão postal, a água
ficou acumulada sobre a engorda, principalmente em trecho próximo ao Morro do
Careca. O problema tem sido registrado em janeiro e este mês, em ocasiões
quando chove forte. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo já
explicou que executa uma obra de drenagem e aterro hidráulico, e que o problema
é natural.
Em uma pesquisa em relação aos primeiros anos de
obras de engorda em praias do Ceará e de Santa Catarina, os alagamentos
apareceram com as primeiras chuvas. Na Praia de Iracema (CE), dois trechos de
areia da Beira Mar de Fortaleza cederam após as chuvas e formaram buracos
acumulando água, em 2021. A obra iniciou-se em 2019. Em Santa Catarina, a praia
de Balneário Camboriú também já foi alagada devido a fortes chuvas. Inclusive,
em janeiro deste ano, fortes chuvas causaram alagamentos generalizados em
Camboriú, levando o município a decretar estado de emergência. Lá, a obra foi
lançada em 2021.
Segundo levantamento do MapBiomas, no período entre
1985 e 2021, o Brasil já perdeu 15% de suas praias e dunas, diante do avanço
das cidades sobre o litoral. Por isso, uma das consequências vistas no país é a
proliferação de obras de proteção costeira. No Rio Grande do Norte, foram quase
5 km de engorda, desde o Hotel Serhs até o Morro do Careca. A obra em Natal foi
executada pela DTA engenharia, a mesma empresa que fez a engorda em Balneário
Camboriú (SC). O secretário Thiago Mesquita (Meio Ambiente e Urbanismo),
detalha a solução para evitar os alagamentos futuros.
Com o novo sistema de drenagem da praia de Ponta
Negra contará com 16 dissipadores de energia para reduzir a velocidade da carga
hidráulica e evitar a degradação da engorda. O sistema anterior, tinha mais de
três décadas e favorecia a erosão ao arrastar areia para o mar. “Dos 16
dissipadores, 10 estão prontos, dois estão na fase final de acabamento e ainda
faltam seis. Esse é o motivo do desconforto visual na área, mas é uma questão
de tempo”, justificou o secretário. Esses dissipadores funcionarão como caixas
de infiltração para receber a água das chuvas e minimizar o impacto sobre a
engorda.
Segundo a Prefeitura do Natal, a previsão para
conclusão do novo sistema de drenagem da praia de Ponta Negra é que seja
finalizado, em até 40 dias. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra),
acompanha e fiscaliza a execução do projeto. Além do avanço de infraestruturas
urbanas, as mudanças climáticas aceleram o processo erosivo — as praias são
afetadas pela elevação do nível do mar e aumento da frequência das tempestades.
ARTIGO MUDANÇAS CLIMÁTICAS
*Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de
Representação Institucional da Assembleia Legislativa
Blog do BG
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