sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

TANGARAENSES - Dengue: Brasil bate recorde de casos e tem desafios para conter vírus em 2025



Nas últimas semanas de 2023 e em janeiro do ano passado, já era possível constatar que uma onda de dengue se manifestava no Brasil. Com a alta da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o ano de 2024 se tornou o recordista em toda a série histórica, totalizando 6.649.338 casos e 6.016 mortes, além de 913 óbitos em investigação, segundo dados do Ministério da Saúde até 28 de dezembro. Embora os episódios tenham caído a partir do segundo semestre, a soma entre o período quente e chuvoso do verão e as mudanças climáticas em curso deve desafiar gestores das esferas municipal, estadual e federal para evitar a proliferação do Aedes e novos picos de infecção em 2025.

Um dos fatores associados à elevação dos índices foi a troca do sorotipo circulante do vírus, que passou a ser o tipo 2. A dengue é considerada complexa por ter quatro sorotipos e a infecção por um não exclui a possibilidade de ter a doença novamente. Outro fator foi a crise climática que elevou as temperaturas e fez com que o surto crescesse não só no Brasil, mas em “escala global”, conforme pontuou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus em visita ao país no ano passado.

“Nós tivemos, em 2024, o ano com maior número prováveis de dengue de toda a história do Brasil nesses 40 anos que convivemos com a doença.

O mundo todo está vivenciando uma elevação da temperatura média ambiental e observando um aumento das chuvas. É inconteste que temos dois elementos importantes para a biologia do Aedes: chuva e altas temperaturas”, explica a VEJA Rivaldo Venâncio da Cunha, secretário-adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.

Um terceiro fator para o descontrole nos números de infecções teve relação com a pandemia de covid-19. Segundo Cunha, para evitar a disseminação do novo coronavírus, as visitas dos agentes de controle de endemias foram suspensas no período mais crítico, entre 2020 e parte de 2022, o que acabou impactando as ações para eliminações dos vetores.

“A suspensão era uma medida de proteção para quem estava em casa e para o agente. Em algumas localidades, esse trabalho ainda não tinha sido retomado nos patamares anteriores à pandemia tanto em quantidade quanto em intensidade”, diz o secretário-adjunto.

Essa mobilização é importante porque, de acordo com dados do ministério, 75% dos criadouros estão em residências. Em maio de 2023, a visita casa a casa foi um dos motes da Campanha Nacional de Combate à Dengue, Zika e Chikungunya anunciada pela pasta, que incluía ainda o uso de mosquitos estéreis e da bactéria Wolbachia, capaz de impedir que o inseto transmita o vírus da dengue.

Preparação para 2025

Um estudo para estimar o número de casos prováveis em 2025 será finalizado neste mês, mas as ações com objetivo preparar o país para diferentes cenários, inclusive os mais críticos, têm ocorrido de forma ininterrupta.

Isso porque, com o caos climático, os picos podem ocorrer em diferentes momentos. Os levantamentos apontavam um quadro recordista para 2024, com 4,2 milhões de casos, e o número foi superado já no início de maio.

“Estamos aproveitando a baixa circulação para, nos três níveis de gestão, intensificarmos as medidas de prevenção para que cada cidadão dedique dez minutos por semana para cuidar do seu quintal e a gente possa ter a redução do maior número possível de focos potenciais do Aedes“, afirma Cunha. “

Também estamos nos preparando em estreita parceria com estados e municípios, entidades públicas e privadas, além de outros ministérios para o pior cenário.”

A implementação de novas tecnologias para o combate ao mosquito vai fazer parte de políticas públicas, não mais pesquisas, de acordo com o secretário-adjunto. No caso da wolbachia, implantada em Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e em parte do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte ao longo de dez anos, será feita a inclusão de 40 novas cidades para a adoção do uso da bactéria.

“Além disso, temos as estações disseminadoras de larvicidas, o inseto estéril e a borrifação residual em escolas, rodoviárias, unidades de saúde e outros espaços com efeito de quatro meses.”

VEJA

 

 

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