ESTADÃO CONTEÚDO
Agência
de Notícia
As contas externas do Brasil registraram um déficit
de US$ 55,9 bilhões em 2024, o equivalente a 2,55% do Produto Interno Bruto
(PIB), informou o Banco Central na sexta-feira (24). O valor mais que dobrou em
relação a 2023, quando o déficit foi de US$ 24,516 bilhões. Além disso,
trata-se do maior rombo desde 2019, quando o saldo foi negativo em US$ 65
bilhões. Em dezembro do ano passado, o saldo foi negativo em US$ 9 bilhões.
As contas externas, chamadas de transações
correntes, incluem as contas da balança comercial, balança de serviços e
transferências unilaterais – por exemplo, o recebimento de dólares que
brasileiros que trabalham no exterior mandam para os seus parentes e o que
estrangeiros que trabalham no Brasil mandam para seus parentes nos seus países.
Em 2024, a balança comercial teve superávit de US$
66,218 bilhões, segundo a metodologia do BC. A conta de serviços teve déficit
de US$ 49,707 bilhões, enquanto a conta de renda primária ficou negativa em US$
75,403 bilhões. A conta financeira teve déficit de US$ 80,916 bilhões.
Alta da demanda
O
chefe-adjunto do departamento de estatísticas do Banco Central, Renato Baldini,
disse que o déficit nas contas externas é o reflexo da alta da demanda por bens
e serviços. Isso significa que o País importou mais e enviou mais dinheiro para
fora do que recebeu do exterior.
Baldini explicou que pesou nesta conta a elevação do déficit em transações
correntes. “De modo geral, o que motivou essa diferença foi o aumento da
demanda por bens e serviços do exterior, e ele pode ser visto na balança
comercial e na conta de serviços. Na balança comercial, que é normalmente
superavitária e continuou sendo, o que vimos foi uma redução do saldo do
superávit”, destacou.
Ele disse que o déficit na conta de serviços em 2024
é o maior desde 2014 e foi puxado pela rubrica de transportes. No ano passado,
o déficit da conta de serviços foi de US$ 49,7 bilhões, que representou um aumento
de 24,7% em relação ao déficit acumulado em 2023, que havia sido de US$ 39,9
bilhões.
“Nós vemos que a rubrica de transportes foi a que
mais contribuiu, em termos absolutos, para o déficit acumulado em 2024. O
déficit nessa rubrica foi de US$ 15,1 bilhões e teve um crescimento de 18,8% em
relação a 2023. Em seguida, o aluguel de equipamentos, que foi deficitário em
US$ 10,9 bilhões, os serviços de propriedade intelectual, com um déficit de US$
8,7 bilhões, e as viagens internacionais, com um saldo deficitário de US$ 7,5
bilhões”, citou.
Baldini destacou, dentro dos componentes de
investimento estrangeiro no Brasil, os reinvestimentos de lucros no País. “No
resultado acumulado de 2024, sobressaíram os ingressos ativos ao reinvestimento
de lucros no Brasil. Somaram US$ 33,2 bilhões e foram 57% maiores do que em
2023”, explicou.
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