Na primeira reunião sob o comando do novo presidente
do Banco Central, o economista Gabriel Galípolo, o Comitê de Política Monetária
(Copom) decidiu nesta quarta-feira, 29, elevar a taxa Selic de 12,25% para
13,25% ao ano. Na quarta alta consecutiva dos juros, a decisão foi
unânime e mostra o esforço da autoridade monetária para conter a pressão
da inflação e a desancoragem das expectativas.
O aumento de 1 ponto percentual já era esperado pelo
mercado financeiro e havia sido indicado pelo próprio comitê no último comunicado
divulgado pela diretoria, apontando para a possibilidade de duas altas dos
juros, em janeiro e março, caso o cenário projetado se confirmasse.
No comunicado, o Copom afirma que o conjunto dos
indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado
dinamismo. “A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da
meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais
recentes”, segundo o comitê.
O tamanho total da alta de juros está relacionado ao
compromisso de trazer a inflação para a meta, que é de 3% ao ano, e da evolução
dos principais fatores que influenciam esse processo. Isso inclui a variação
dos preços mais sensíveis à economia e à política monetária, as projeções e
expectativas do mercado para a inflação, o nível de atividade econômica e os
riscos que podem impactar esse cenário.
O Copom indicou que vê mais riscos de alta do
que de baixa para a inflação. Entre os principais fatores que podem pressionar
os preços, estão a persistência da inflação de serviços, um cenário econômico
global desfavorável e a possibilidade de o real continuar desvalorizado. Por
outro lado, se a economia brasileira desacelerar mais do que o esperado ou se o
cenário externo melhorar, a inflação pode cair.
O comunicado cita também que as projeções para a
inflação seguem em alta, com os analistas do mercado elevando pela 15ª semana
consecutiva a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), que agora deve fechar o ano em 5,50%, acima do teto da meta. A pressão
inflacionária também se estende para 2025, com previsão de 4,22%, de acordo com
as projeções.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de 2025,
houve revisão dos analistas de mercado para cima, com projeção de crescimento
de 2,6%, mas ainda indicando desaceleração em relação a 2024, quando o avanço
foi superior a 3%. Para 2026 e 2027, a economia deve continuar perdendo ritmo,
segundo as projeções do Boletim Focus. O resultado oficial do PIB será
divulgado pelo IBGE em 7 de março.
Outro ponto de atenção do Copom é o impacto da
política fiscal na economia e na inflação. O comitê ressalta que o mercado tem
demonstrado preocupação com o equilíbrio das contas públicas e isso afeta os
preços dos ativos financeiros e a confiança na economia.
No comunicado, o Copom indica que diante do cenário
difícil para controlar a inflação, deve fazer mais um ajuste de 1 ponto
percentual na reunião de março. Para além da próxima reunião, o Comitê
indica que não há um limite fixo para o aperto monetário. “A
magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso
de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da
inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à
política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do
hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o comunicado.
Participaram da reunião, o presidente do BC Gabriel
Muricca Galípolo e os diretores Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu
Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David,
Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
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