A desinformação nas redes sociais está impactando a
adesão à vacinação contra a dengue no Brasil, mesmo com uma alta imunização. O
alerta foi feito pela farmacêutica Takeda ao apresentar nesta quinta-feira
(21/11) os resultados de uma pesquisa realizada em parceria com a
Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que analisou as percepções e
comportamentos da população em relação à dengue e à vacinação.
Intitulado “Dengue: o impacto da desinformação sobre
a doença e suas formas de prevenção no Brasil”, o estudo mostra que 88%
dos brasileiros confiam na vacinação contra a dengue, mas 12% ainda têm
dúvidas. Entre os céticos, o perfil predominante é de homens acima de 55 anos.
Embora a confiança nas vacinas seja alta, o levantamento revelou que 41% dos
entrevistados relataram ter recebido informações falsas sobre vacinas nas redes
sociais, e quase 30% já deixaram de se vacinar ou recomendaram que outros não
se vacinassem devido a dúvidas sobre segurança e eficácia.
A dengue continua sendo uma das maiores preocupações
de saúde pública no Brasil, especialmente em regiões onde a doença é endêmica.
A disponibilização da vacina no SUS é importante, mas os especialistas alertam
que, sem o combate eficaz à desinformação, o impacto das campanhas de vacinação
pode ser limitado.
A pesquisadora Juliana Siegmann, do Ipsos, destacou
o impacto das fake news nesse contexto. “O estudo demonstra que, apesar do
aumento da conscientização sobre os riscos da dengue, muitos brasileiros ainda
enfrentam barreiras para se vacinar devido ao impacto das fake news, que
atingem 41% dos entrevistados relatando o recebimento de informações falsas
sobre vacinas em geral pelas redes sociais”.
Em 2024, o Brasil foi o primeiro grande país a
lançar uma campanha nacional de vacinação contra a dengue no sistema público de
saúde. Além de fornecer a vacina Qdenga, a Takeda lançou a campanha “Sem Sombra
de Dengue”, que busca conscientizar a população sobre os riscos da doença. A
iniciativa é reforçada por ações educativas e pela promoção de debates sobre os
impactos das fake news na prevenção.
O médico infectologista Renato Kfouri, presidente do
Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP),
enfatizou durante a coletiva de imprensa que a circulação de fake news
dificulta o controle da doença.
“Informações falsas sobre vacinas, formas de
contágio e tratamentos confundem as pessoas e dificultam a adesão a medidas
preventivas e ao tratamento adequado. Por isso, campanhas educativas
consistentes e claras são essenciais para combater esses mitos e reforçar a
importância da prevenção e da vacinação contra a dengue”, frisou.
Correio Braziliense
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