O volume de investimentos para a previdência privada
no Rio Grande do Norte alcançou o montante de R$ 5,16 bilhões de 2019 a 2023,
com um crescimento de 14% no período. Os dados são da Superintendência de
Seguros Privados (Susep), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, que
contabiliza os aportes para previdência complementar aberta no Brasil, e
apontam que em 2019 foram registrados 989 milhões em contribuições. No ano
passado, foram R$ 1,12 bilhão. Em 2024, até agosto, o Estado acumula R$ 790
milhões em investimentos, alta de 2,9% se comparado com igual recorte de 2023,
que contabilizou R$ 767 milhões.
Os valores englobam os dois produtos atuais – o Plano Gerador de Benefício
Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) -, e Previdência
Tradicional (PrevTrad), que antecedeu os dois planos atuais. A médica Larissa
Freire, de 43 anos, e o publicitário José Filho, de 30 anos, são exemplos de
potiguares que optaram pela previdência privada. Planejamento para o futuro,
possibilidade de uma renda além da aposentadoria social e preocupações com a
instabilidade econômica e política do País estão entre os motivos citados pelos
dois para adesão ao modelo.
Relatos
“Eu
queria assegurar, não apenas para mim, mas também para a minha família, a
questão patrimonial. A ideia sempre foi investir e não mexer. Pesquisei sobre
taxas de carregamento, escolhi a mais suave e comecei a aplicar”, relata
Larissa, que aderiu à modalidade em 2013. José Filho, por sua vez, começou os
investimentos em 2019, receoso após as alterações trazidas pela Reforma da
Previdência.
“Com as mudanças eu me dei conta de que vou demorar muito a me aposentar e que
o benefício não será no valor que eu espero. Então, optei pela previdência
privada para ter mais garantias e menos burocracia. Uma vantagem muito
importante é que eu consigo controlar o quanto vou receber e em quanto tempo
vou começar a fazer retiradas”, destaca o publicitário. Melhorar o padrão de
aposentadoria também foi uma das razões que levaram Larissa a investir em
previdência privada.
Segundo a médica, o relato de amigos que já tinham optado pelo modelo foi
crucial para a escolha. “Apesar de os investimentos terem começado em 2013, em
2007 eu já pensava em fazer este tipo de contribuição. Tinha acabado de me
formar [em 2007], comecei a perceber que pagava muito imposto de renda na
Previdência Social e isso não estava me deixando satisfeita. Então, o
depoimento de amigos me ajudou a mudar”, conta Larissa Freire.
“Vi que era uma opção muito boa, porque, no longo prazo, eu ia conseguir
deduzir minhas contribuições de imposto de renda”, acrescenta a médica. Para
garantir melhores resultados, Larissa e José optaram por produtos que mais se
encaixassem no perfil de renda de cada um. “No meu caso, escolhi o VGBL. Além
da questão da dedução do imposto de renda, pela minha faixa salarial, é o mais
adequado”, disse o publicitário. “Já eu escolhi o PGBL. Tem a ver com meu
perfil e consigo deduções de 12% nas contribuições de renda”, afirma a médica
Larissa Freire.
Maior expectativa de vida estimula
investimentos
O consultor de Negócios da Central Sicredi Nordeste, Erli Bandeira, afirma que
o movimento de expansão de previdência privada no Rio Grande do Norte e no País
é impulsionado por fatores como a expectativa de uma maior longevidade da
população e as incertezas quanto ao sistema de previdência pública. E um sinal
disso é que a carteira de previdência privada da instituição cresceu 22,5% em
setembro deste ano, em comparação com dezembro do ano passado.
A cooperativa de crédito alcançou no estado um rendimento de R$ 12,6 milhões
nesse período. De forma geral, os investimentos de longo prazo têm ganhado cada
vez mais adeptos no mercado financeiro. “Com a melhora do cenário econômico, as
pessoas estão cada vez mais atentas ao planejamento do próprio futuro
financeiro e buscam formas de garantir uma aposentadoria tranquila,
especialmente após a reforma da Previdência de 2019 e os balanços deficitários
da Seguridade Social. O investimento em uma Previdência complementar é um
reflexo direto desses fatores”, analisa Bandeira.
O consultor avalia, ainda, que as cooperativas, de olho nesse movimento, têm buscado
oferecer cada vez mais produtos acessíveis. “Esse aumento no saldo da
previdência mostra que as cooperativas estão oferecendo soluções acessíveis e
adequadas às necessidades dos nossos associados. Com apenas R$ 50 por mês, é
possível começar uma previdência e garantir a melhora do padrão de vida no
futuro. Com baixas taxas de administração e taxa zero de carregamento, os
planos de previdência são uma alternativa concreta para quem busca segurança
financeira”, comenta.
De acordo com ele, uma mudança recente impactou positivamente o setor, e uma
nova regulamentação da Receita Federal deve aumentar a adesão à previdência
privada. Instituída em agosto, a Instrução Normativa nº 2.209 permite aos
participantes de planos de previdência complementar escolherem o regime de
tributação no momento da obtenção do benefício ou do primeiro resgate. “Essa
opção pode reduzir a carga tributária para quem mantiver o investimento por
longos períodos, especialmente no regime regressivo, cujas alíquotas diminuem
com o tempo. A medida busca facilitar a decisão dos associados, e se aplica a
diversos tipos de planos, incluindo PGBL e VGBL”, explica.
Números – Previdência
privada no RN e no Brasil
– R$ 5,16 bilhões é o volume de investimentos em previdência privada entre
2019 e 2023 no RN
– R$ 790 milhões é o volume de investimentos no RN
em previdência privada em 2024, até agosto
– R$ 723,9 bilhões é o volume de investimentos em
previdência privada entre 2019 e 2023 no Brasil
– R$ 131,4 bilhões é o volume de investimentos no Brasil
em previdência privada em 2024, até agosto
Fonte: Susep
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