domingo, 3 de novembro de 2024

Engorda: ampliação da faixa de areia atrai adeptos de kitesurf e parapente

 


Gabriela Liberato
Repórter

A ampliação da faixa de areia, por conta da engorda de Ponta Negra, já tem beneficiado os frequentadores da orla de Natal. A movimentação acontece 15 dias após a liberação do primeiro trecho da obra, no último dia 21 de outubro, e tem reunido tanto famílias quanto praticantes de esportes, como o kitesurf e o parapente.

No dia 21 de outubro, aconteceu a liberação do primeiro quilômetro das obras da engorda, e já no fim de semana seguinte, quem passa pela Via Costeira percebe com frequência a presença de pipas de kitesurf e paraquedas de parapente. As atividades estão sendo mais praticadas no trecho liberado do aterro hidráulico da praia de Ponta Negra.

O secretário à frente da pasta de Infraestrutura de Natal, Carlson Gomes, conta que a obra da engorda está seguindo o seu fluxo normal, e que com a ausência de intercorrências, a entrega completa acontecerá no final do ano. O secretário ainda informou a expectativa para o réveillon na praia da Ponta Negra, que deverá gerar emprego e renda para o local. Mas enquanto a obra não é finalizada, as pessoas já aproveitam o trecho liberado. E não apenas para a população local, pois a prática de atividades ao ar livre vem sendo benéfica também para os turistas, que aproveitam os fortes ventos de Natal para a prática de parapente.

Para o empresário Joel Godoy, de 40 anos, o gosto pelo esporte surgiu durante uma visita a Natal anos atrás, que o motivou a realizar cursos e seguir realizando os saltos na sua cidade natal, Sorriso, em Mato Grosso. “Lá nós precisamos praticar o parapente com o suporte de motor, pois praticamente não temos vento”, lembra o empresário.

Joel lembra que, em sua visita anterior a Natal, os seus primeiros voos de parapente apresentavam resultado diferente na aterrissagem, devido à curta faixa de areia disponível. “Lembro que nós aterrissávamos muito próximo à água, já com receio de pousarmos no mar. Já esse ano fui surpreendido com essas obras da engorda, pois podemos realizar os voos com maior segurança com a faixa de areia mais extensa”, contou.

O contentamento com as obras da engorda também é compartilhado por Vitor Amorim, de 19 anos, que pratica o parapente no litoral de Natal há anos, e sempre considerou difícil o pouso com a faixa de areia curta. “Dependendo da altura da maré não era seguro realizarmos o voo aqui neste trecho da Via Costeira”, conta Vitor.

Além do resultado positivo com os voos, Vitor está empolgado para a temporada de verão que se aproxima. O jovem também trabalha como instrutor dos voos de parapente no verão natalense e tem altas expectativas para a quantidade de turistas que a engorda irá atrair nos primeiros meses de 2025. “Com a engorda, eu acredito que teremos mais oportunidades de trabalho no ramo das práticas de atividades físicas ao ar livre em 2025”, revela Vitor com esperança.

Quem também aproveita a faixa liberada da engorda para a prática de atividades físicas é o educador físico Carlos Daniel, de 35 anos, que antes precisava se deslocar para praias distantes como Barra do Rio, Pirangi e Barra do Cunhaú, e agora pode surfar suas ondas com o kitesurf a poucos minutos da sua residência. “Antes perdia muito tempo me deslocando até outras praias, o que acabava diminuindo a frequência com que eu praticava o kitesurf, e agora com a maior faixa de areia, e já dentro de Natal, posso tirar um tempinho até mesmo no meio da semana para praticar o kitesurf”, conta Carlos.

Carlos percebe que a engorda da praia de Ponta Negra já está sendo benéfica para o público, após o primeiro trecho ser liberado. “Antes nós dependíamos muito da movimentação da maré, pois inúmeras vezes éramos impedidos de realizar o kitesurf”, lembrou Carlos Daniel.

Apesar de ter iniciado a sua trajetória em outros esportes aquáticos, o educador físico ainda explica que, para a prática do kitesurf, é necessário um bom espaço de faixa de areia para que o equipamento possa ser montado, o que faz o esporte precisar, além dos bons ventos e ondas, de um espaço suficente na faixa de areia da praia.

Vendo o cenário positivo que está sendo instaurado na capital potiguar, Carlos Daniel também aponta as melhorias que precisam acontecer em Natal para que a capital se equipare a outras cidades, como Fortaleza, no Ceará, e, até mesmo, São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. “É preciso ter visão da importância da oferta desses esportes para o público, para que sejam disponibilizados o aporte necessário para a prática. Poder praticar o kitesurf, e outras modalidades, tão perto de casa, é muito vantajoso para o povo natalense, e também para os turistas, pois concentra na capital mais das atividades que eles procuram quando viajam para cá”, conclui Carlos.

Lazer para natalenses e turistas

Para Geraldo Arruda, de 66 anos, a nova faixa de areia vem sendo um espaço de lazer diário. Utilizando agora o trecho liberado para caminhar junto com a sua companheira, Geraldo conta que mesmo durante o período de obras, ele já tinha entretenimento através da prática do seu hobby: realizar filmagens com o seu drone.

Geraldo vem frequentado o trecho da praia na Via Costeira para assistir às obras do aterro hidráulico e fazer suas filmagens diariamente, e por conseguir assistir até mesmo às ações da draga de tão perto, com o seu drone, ele se mostra cada dia mais empolgado. “Vejo pessoas de todas as idades por aqui, além dos esportes que estão sendo praticados, também se tornou um novo espaço para que as pessoas possam realizar suas caminhadas, além do calçadão da Via Costeira”, disse Geraldo.

A percepção do sucesso da engorda também é compartilhada pelo funcionário público Guilherme Berto, de 29 anos. Guilherme já costumava frequentar a praia de Ponta Negra para surfar, mas apesar de hoje o trecho ainda não estar adequado para surfar as suas ondas, ele revela que hoje está mais satisfeito ao frequentar a nova faixa de areia da praia, pois agora pode levar a sua família com ele.

Com a maior comodidade que a ampla faixa de areia agora proporciona, Guilherme leva a esposa, Nathana Berto, de 32 anos, e a sua filha, Lívia, de 2 anos, para aproveitar a beleza natural da praia com segurança. “Antes eu não podia trazer minha filha pois nunca sabíamos se teria areia o suficiente para ela brincar, ou para ela ficar com minha esposa enquanto eu surfava. Hoje posso trazer elas com a certeza de que estamos em um espaço seguro, sem risco da água do mar invadir o espaço onde estamos”, conta Guilherme.

Embora esteja satisfeito com o decorrer das obras do aterro hidráulico, Guilherme alerta para o seu receio com relação à acessibilidade do espaço. No momento, a maior parte do público está acessando a faixa de areia liberada entre os hotéis da Via Costeira, SERHS e Ocean Palace, pela descida de morros de areia que lá estão, e o funcionário público percebe que o trajeto é difícil para muitas pessoas.

“Sei que ainda não é o resultado final, mas vendo a altura e todo o trabalho que vai ser para solucionar, eu desço já me questionando se vão levar a acessibilidade, para todos, em consideração”, conclui Guilherme.

Tribuna do Norte

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