O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
abraçou a candidatura da deputada federal Natália Bonavides (PT à prefeita de
Natal, desde o primeiro turno das eleições municipais, quando também apoiou os
vereadores reeleitos Brisa Bracchi, Daniel Valença e contribuiu para eleger
Samanda Alves. A manifestação de apoio do MST a Natália foi publicada nas redes
sociais.
O deputado José Dias (PSDB) avaliou que o apoio do
MST à candidatura majoritária do PT em Natal “não podia ser diferente”, até
porque esse Movimento dos Sem Terra “é feito por quem tem bens, quem tem terra,
ou se não tem terra tem patrimônio. É um movimento político, cuja finalidade é
desestabilizar tanto a economia como socialmente, até porque a esquerda só
sobrevive com a miséria do outro, e o gozo absoluto dos favores do Estado”.
José Dias disse que a candidata petista à prefeitura
de Natal “nunca viveu no campo, nunca trabalhou lá. É exatamente aquela figura
que sempre foi beneficiada pela sorte, fez política, faz política com esse tipo
de mentira, na campanha ela quer confundir, nega os seus radicalismos para
continuar se beneficiando. O povo quer julgar, se o povo não tiver cuidado,
continuará na mesma miséria que nós vivemos hoje”.
Mesmo como advogada, avisa Dias, a deputada “sempre
foi advogada de uma facção política, sindical, isso aí não tem a menor dúvida,
ela não tem nenhuma visão panorâmica do que é a justiça, para todos. A justiça
dela é a justiça para os os companheiros”.
CRIMES
O
deputado Luiz Eduardo (SDD) trata o MST como “uma organização criminosa, que
invade propriedade privada”, daí entende que a deputada federal Natália Federal
“sente afeição e ampara ideologicamente o MST. A relação dela com esse grupo é
notória e histórica. Não há como dissociar”.
Sendo assim, Luiz Eduardo sugere que “precisamos fazer a seguinte reflexão: ao
se eleger prefeito, um cidadão recebe as chaves do cofre e da administração da
cidade. O prefeito é o responsável pelos prédios e terrenos da prefeitura. Como
a gente vai confiar em uma pessoa que usa sua energia, seu trabalho e sua
inteligência para amparar um grupo danoso como o MST? “
REPROVAÇÃO
O
deputado General Girão diz que “só o fato da candidatura de Natália Bonavides
estar atrelada ao Partido dos Trabalhadores (PT), que tem um presidente
“descondenado”, mas não inocente, com um retrospecto corrupto e criminoso, já
seria motivo de sobra para o natalense reprovar essa candidatura, através do
voto”.
Segundo Girão, “se não bastasse, Natália é
apadrinhada pela reprovada gestão de Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte”,
pois “são seis anos de atraso no nosso Estado. Não seria justo para o natalense
sofrer na pele com o descaso do poder público, assim como sofre todo o RN. A
eleição de Natália, se ocorresse, seria uma tragédia”.
No interior, o MST apoiou cinco candidatos a
vereador, mas só elegeu um – Gerson MST (PSOL), em Ceará Mirim. Não conseguiu
sair vitorioso em Mossoró, Riachuelo, Touros e João Câmara. O MST nacional
informava nas redes sociais que em todo o país apoiou 600 candidaturas, a
prefeito e vereador. Elegeu 133 candidatos a vereador e outros 23 para os
cargos de prefeito ou vice-prefeito, em 19 estados brasileiros.
A deputada Natália Bonavides enfrenta no segundo
turno o candidato a prefeito do partido União Brasil, deputado federal Paulinho
Freire, neste domingo (27), mas o MST já antecipou que entre as propostas
assumidas pelas candidaturas eleitas em todo o país, estão o apoio à pauta do
movimento.
Em 5 de julho, às vésperas da oficialização de sua
candidatura à prefeita de Natal, a deputada Natália Bonavides já reforçava sua
parceria política com o MST. Bonavides declarava que sua parceria com o MST “é
histórica, vem de muitos anos e a gente só fortaleceu nesses últimos tempos”.
Segundo a deputada do PT, o MST “é uma força fundamental na luta política do
país.
Em 2019, em seu primeiro mandato na Câmara, Natália
Bonavides chegou a participar de uma invasão de terra promovida pelo MST em
Goiás. A própria deputada publicou a ação nas suas redes sociais na época.
Invasão do MLB opôs Natália e Paulinho
Em 30 de janeiro deste ano, a deputada Natália
Bonavides chegou a emitir uma nota em que declarava apoio ao Movimento de Luta
nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) durante ocupação de imóvel privado na
avenida Deodoro, em Petrópolis, onde funcionou a sede dos extintos “Diários
Associados” e a Rádio Poti, no Rio Grande do Norte.
O advogado Gustavo Henrique Barbosa assinava os
processos protocolados na 20ª Vara Cível da Comarca de Natal e exercia função
comissionada no gabinete da parlamentar desde maio de 2023, mas a sua atuação
remontava a fevereiro de 2019, segundo apurou a TRIBUNA DO NORTE em matéria de
fevereiro deste ano.
Na época, a deputada Natália Bonavides emitiu nota
em que apontava: “A moradia é um direito fundamental que vem sendo negado para
uma parte da população natalense. Não é possível nenhum desenvolvimento se não
há nenhum esforço para assegurar que as pessoas tenham um teto para morar. Acho
impressionante a falta de humanidade de quem simplesmente ataca as pessoas que
não têm onde morar, e nunca têm a mesma firmeza pra defender esses
trabalhadores”, encerrava a nota de Bonavides, que ainda liberou advogado, que
atuava em seu gabinete na Câmara Federal, em Brasília, para defender o MLB.
Em janeiro, o deputado federal Paulinho Freire
(União) já se posicionava em sentido contrário: “A nossa cidade não pode
conviver com mais essa violência, com imóveis privados ou públicos invadidos
durante a madrugada por um movimento que recorrentemente atua na ilegalidade.
Direito à propriedade é um direito fundamental”.
Deputados rejeitaram festa para o MST
Em 13 de março, a Assembleia Legislativa havia
derrotado, por 11 a 5, proposta da deputada estadual Isolda Dantas (PT) de
promover sessão solene em homenagem aos 40 anos de fundação do MST. Mas, em 5
de junho, a deputada Isolda Dantas insistiu na ideia e promoveu homenagem ao
MST, na praça 7 de Setembro em frente à Assembleia.
Nesse dia, a então pré-candidata à prefeita, Natália
Bonavides, saiu em defesa do MST: “Ter um movimento que lute por terra é
fundamental para a nossa sociedade”. Dentro das comemorações dos 40 anos de sua
criação, o MST realizou o “Abril Vermelho”, promovendo invasões a 31
propriedades rurais em 18 estados do Brasil e Distrito Federal, inclusive no
RN.
CPI e Projeto de Lei
Na
Câmara, no ano passado, o MST chegou a ser alvo de uma CPI para investigar as
ações do movimento. Vários depoimentos foram realizados por ex-integrantes do
grupo, com denúncias que envolviam assédio eleitoral e até violência contra
quem discordava das lideranças políticas da entidade.
Já a Comissão de Agricultura na Câmara dos Deputados
aprovou em agosto, deste ano, Projeto de Lei de Ana Paula Leão (PP-MG), que
restringe o acesso de pessoas que participaram, direta ou indiretamente, de
invasão de terras a programas sociais de invasão de terras ou prédios públicos.
Pelo texto, elas serão impedidas de participar do
Programa Nacional de Reforma Agrária ou de licitações públicas. Também não
poderão receber incentivos fiscais ou de crédito. A restrição vigorará pelo
prazo de dois anos após a desocupação do imóvel. Além disso, benefícios de
transferência de renda, como o Bolsa-Família, não serão concedidos enquanto o
imóvel não for totalmente desocupado.
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