Acompanhantes e servidores do Hospital Monsenhor
Walfredo Gurgel, em Natal, ficaram sem alimentação na noite da última
segunda-feira (21) em razão da movimentação dos trabalhadores terceirizados da
unidade que entraram em greve nesta terça-feira (22), por falta de pagamento. Ontem,
quando o movimento paredista já tinha iniciado, o café da manhã foi servido
apenas para os pacientes e a previsão era a mesma para o almoço. “Já avisaram
que os acompanhantes não vão almoçar”, disse o agricultor José Arruda, de 49
anos durante o meio da manhã de ontem. Uma parente dele está internada no
Walfredo há mais de um mês.
“Sou de Touros e não sei como vou fazer em relação à
comida”, desabafou o agricultor. “Na segunda, consegui jantar. Hoje [na terça],
pediram aos acompanhantes que descessem para pegar o café, mas de última hora,
mudaram de ideia e disseram que não iam mais servir. E avisaram que não ia ter
almoço”, relatou Arruda.
Já os servidores que não têm ligação com as empresa
terceirizadas se organizaram entre si para comprar o almoço. “Nos deparamos com
a falta de alimento desde a segunda-feira. Esperávamos que o Governo do Estado
pagasse à empresa terceirizada e os valores fossem repassados aos
trabalhadores, mas nada”, conta a técnica de enfermagem Carla Michelle.
“É uma situação constrangedora, porque nós que damos
plantão de 12 ou 24 horas, chegamos ao hospital contando com a alimentação.
Tiramos do bolso para comer. Estamos nos virando, comprando uma quentinha para
duas pessoas, fazendo um lanche ou outro porque a essa altura do mês nem todo
mundo tem de dinheiro para fazer esse gasto extra. Os acompanhantes também
estão sofrendo muito. A maioria deles é do interior”, acrescenta.
“Ninguém é contra a greve, o que nós queremos é que
a Sesap [Secretaria de Saúde do Estado] e o Governo comprem quentinhas para os
trabalhadores e os acompanhantes, porque nós não temos culpa da falta de
repasse”, disse Lúcia Silva, uma das coordenadoras do Sindsaúde. O Sindicato
acompanha a situação de perto, uma vez que os trabalhadores da Saúde têm sido
diretamente afetados pela paralisação dos terceirizados.
“Todo o serviço público é afetado porque não tem o
terceirizado para fazer a comida. Outros hospitais do Estado estão nesta
situação. Paralisou o pessoal da limpeza, da alimentação e maqueiros, de três
empresas. Os atrasos nos pagamentos são corriqueiros”, explicou Carlos
Alexandre, coordenador do Sindsaúde. Os terceirizados chegaram a fazer um
protesto no Walfredo no começo da manhã de terça, mas quando a reportagem
chegou ao local, a manifestação já havia encerrado. A TN não conseguiu falar
com nenhum representante direto da paralisação.
De acordo com o Sindsaúde, o limite de greve está
sendo respeitado, com 30% do quadro de funcionários em atuação. Segundo o
Sindicato, no plantão diurno do Walfredo Gurgel trabalham 12 maqueiros, mas
nesta terça-feira só havia quatro para atender os dois prédios do hospital. A
lavanderia da unidade também funcionava somente com um contingente de 30%. A
TRIBUNA DO NORTE pediu um posicionamento da Sesap sobre a questão, mas não
houve retorno até o fechamento desta edição.
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