Fonte: Blog do Gustavo Negreiros
Passou quase despercebido na imprensa nacional (sem
destaque em praticamente nenhum grande site) a operação da Polícia Federal,
deflagrada ainda na quinta-feira (17), e que apura um suposto esquema de
"venda de relatórios" na Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma das mais
respeitadas instituições do Brasil. O assunto, inclusive, foi tema de
discussão no Jornal das 6 da sexta-feira (18), veja o vídeo acima:
A Operação Sofisma cumpriu 29 mandados de busca e
apreensão expedidos pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, tanto na
capital fluminense quanto na cidade de São Paulo. Também foram expedidas ordens
de sequestro e cautelares restritivas. Segundo a PF, o esquema envolvia órgãos
federais e estaduais, que contratavam a FGV com dispensa de licitação. As
investigações, iniciadas em 2019, mostram que havia superfaturamento de
contratos.
Segundo a PF, a instituição era usada “para fabricar
pareceres que mascaravam o desvio de finalidade de diversos contratos, que
resultaram em pagamento de propinas”. “Apurou-se que, mais do que emitir
pareceres inverídicos que camuflavam a corrupção dos agentes públicos, a
entidade superfaturava contratos feitos por dispensa de licitação e era
utilizada para fraudar processos licitatórios".
De acordo com o que foi divulgado, a investigação
pode até criar embaraços imensos para ministros de tribunais superiores de
Brasília, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e até mesmo o Supremo
Tribunal Federal (STF). Afinal, a PF não mira suspeitas de de corrupção,
lavagem de dinheiro, evasão de divisas e fraude em licitações que envolveriam a
fundação dentro da própria FGV.
Isso porque a Fundação Getúlio Vargas tem laços
estreitos há tempos com magistrados de Cortes superiores. Nos últimos tempos a fundação
passou, por exemplo, a participar da organização de eventos jurídicos que eram
realizados por entidades ligadas a magistrados e que recebem patrocínios de
empresas com interesses em tribunais.
A quebra dos sigilos da entidade no curso da
investigação pode detalhar o caminho do dinheiro a partir dos repasses, com
chances de escalar o caso para instâncias elevadas do Poder Judiciário.
Integrantes da cúpula da FGV que são alvo dos mandados de busca e apreensão
cumpridos nesta quinta são íntimos de importantes ministros das Cortes
brasilienses.
Entre os assuntos que são objeto da operação está o
uso da fundação para a emissão de pareceres cuja contratação servia, de acordo
com a apuração, para mascarar pagamentos de propina a agentes públicos. O
esquema inclui empresas de fachada no Brasil e contas em paraísos fiscais do
Caribe, como Bahamas e Ilhas Virgens.
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