Servidores do hospitais universitários federais no
Rio Grande do Norte entraram em greve, por tempo indeterminado, nesta
quarta-feira (21). Para marcar o início da paralisação, os profissionais
realizaram uma manifestação em frente ao Hospital Universitário Onofre Lopes,
em Natal.
De acordo com o Sindicato Estadual dos Trabalhadores
de Empresas Públicas de Serviços Hospitalares do RN (Sindserh-RN), a
manifestação acontece em busca de uma negociação por reajuste salarial e por
melhores condições de trabalho.
"Nós estamos há três anos e meio com um acordo
parado, sem negociação com a empresa. Nós tivemos propostas feitas tanto pelos
empregados, quanto pela ministra e a empresa recusou e não apresentou nenhuma
proposta para os funcionários. Esse é o ponto chave. Nós já perdemos cerca de
25% do nosso salário só de inflação", explicou a diretora do Sindserh,
Rosani Andrade.
"Nós temos a questão da coação, que nós
sofremos dentro dos hospitais universitários, a falta de insumos para trabalho.
Nós estamos com vários tipos de exames sem poder ser feitos por falta de
insumos e isso termina que a população sai perdendo por conta da má
administração", completou.
Segundo o sindicato, não é pedido um aumento
salarial, mas um reajuste que acompanhe a inflação, além de "condições
dignas de trabalho" dentro dos hospitais.
Os hospitais afetados pela paralisação dos
servidores são o Hospital Universitário Onofre Lopes, a Maternidade Escola
Januário Cicco, ambos em Natal, e o Hospital Universitário Ana Bezerra,
em Santa
Cruz.
Em nota enviada ao g1 RN, a Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) confirmou que "há uma
paralisação dos empregados que têm vínculo com a Ebserh como parte das
negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)".
Sobre o funcionamento das unidades, a Ebserh
informou que "no Hospital Universitário Ana Bezerra, a fim de evitar o
impacto no atendimento assistencial, algumas chefias da Assistência estão
atuando diretamente nos procedimentos. Dessa forma, até o momento as agendas
programadas estão sendo realizadas. Também no Hospital Universitário Onofre
Lopes e na Maternidade Escola Januário Cicco não houve interrupção nos
atendimentos, que permanecem normalmente" (veja nota completa no
fim do texto).
O ato também acontece em outros estados do Brasil.
Nota da Ebserh
"A Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (Ebserh) informa que, nesta quarta-feira (21), há uma paralisação
dos empregados que têm vínculo com a Ebserh como parte das negociações do Acordo
Coletivo de Trabalho (ACT).
No Hospital Universitário Ana Bezerra, a
fim de evitar o impacto no atendimento assistencial, algumas chefias da
Assistência estão atuando diretamente nos procedimentos. Dessa forma, até o
momento as agendas programadas estão sendo realizadas. Também no Hospital
Universitário Onofre Lopes e na Maternidade Escola Januário Cicco não houve
interrupção nos atendimentos, que permanecem normalmente.
Acordo Coletivo de Trabalho Ebserh
A Ebserh esclarece que o processo de
negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com as entidades sindicais teve
mais de 20 rodadas, porém sem solução. Com o propósito único de viabilizar a
conclusão, a empresa solicitou às entidades que apresentassem uma última
contraproposta. Ao contrário do que sugere a boa prática em negociações
coletivas de trabalho, as entidades sindicais apresentaram 3 propostas
distintas e maiores do que as apresentadas anteriormente, ou seja, deixando
claro que não estavam dispostas a nenhum tipo de negociação.
Sobre a dúvida conceitual criada em
torno do dissídio coletivo de greve, a empresa reitera que as questões
econômicas e sociais foram amplamente discutidas no âmbito do dissídio coletivo
de greve, inclusive por meio de diversas audiências bilaterais mediadas pela
relatora do processo no Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ministra Delaíde
Miranda Arantes, o que, de acordo com a jurisprudência do próprio TST,
transformou aquele processo em dissídio coletivo de natureza mista. E é isto
que tornou possível que os ACTs ainda em negociação possam ser julgados
imediatamente, no âmbito do dissídio coletivo de natureza mista que já está em
vias de ser julgado.
Pelos motivos expostos, e ciente de que
seus empregados, assim como a própria Ebserh, anseiam por um rápido desfecho para
esse longo período de negociação, a Empresa peticionou solicitando a apreciação
de mérito e o julgamento do processo com a maior brevidade possível. Por outro
lado, as entidades sindicais, surpreendentemente, solicitaram a extinção do
dissídio sem julgamento do mérito, com o objetivo de que fosse iniciado um novo
período de negociação, o que poderia empurrar o desfecho desses ACTs para meses
à frente.
O TST abriu prazo, em 15/09, para
manifestação das entidades em relação ao pedido supramencionado e notificou o
Ministério Público do Trabalho para emissão de parecer.
Fato é que se as entidades sindicais se
manifestarem favoráveis, ou se houver decisão por parte da Ministra, como
solicitado pela empresa, o desfecho será célere. Diante do cenário exposto, a
Empresa considera como inoportuna qualquer medida tomada à revelia do TST,
tendo em vista que o processo de dissídio ainda aguarda julgamento".
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