sábado, 20 de novembro de 2021

RN tem maior rendimento médio mensal do Nordeste

 


Em 2020, as pessoas ocupadas com 14 anos ou mais no Rio Grande do Norte receberam, como rendimento médio mensal de todos os trabalhos, o valor de R$ 1.940. Essa foi a maior remuneração observada entre os estados do Nordeste. Quando se trata da média de todos os residentes com rendimento do estado, o RN também ocupa o primeiro lugar da região, com o valor de R$ 1.768.

Apesar disso, estes valores estão bem abaixo dos rendimentos médios mensais para o Brasil, de R$ 2.447 para pessoas de 14 anos ou mais e de R$ 2.213 para população residente. Os menores valores de rendimento médio mensal foram observados no estado do Maranhão (R$1.401,00 e R$ 1.270,00) e os maiores, no Distrito Federal (R$ 4.215,00 e R$ 3.974,00).

Estes dados são da edição anual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: Rendimento de todas as fontes 2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que investiga informações sobre os rendimentos provenientes do trabalho e de outras fontes da população residente no Brasil.

Os indicadores de rendimento médio mensal levantados pela PNAD 2020 evidenciaram a disparidade regional entre estados do Norte e Nordeste e os estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste. Nestas três regiões, todos os estados que as compõem registraram maiores valores do que as unidades federativas do Norte e Nordeste.

Massa de rendimento

A pesquisa divulgada nesta sexta-feira (19) também mostrou que a pandemia retirou das famílias brasileiras R$ 10,6 bilhões em 2020, a despeito do reforço proveniente de medidas emergenciais de socorro financeiro à população. O pagamento do auxílio emergencial elevou a massa de renda em circulação nas regiões Norte e Nordeste, mas não foi suficiente para repor todos os rendimentos perdidos do trabalho e de aposentadorias no restante do País. 

A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita totalizou R$ 284,6 bilhões em 2020, ante um montante de R$ 295,2 bilhões em 2019. Mais da metade (50,7%) desse bolo ficou concentrado no Sudeste, R$ 144,416 bilhões, embora tenha recuado 5,2% em relação ao ano anterior.

Os aumentos na massa de renda no Norte foram de 3,6% (para R$ 16,437 bilhões) e no Nordeste foram de 1,4% (para R$ 50,989 bilhões), enquanto o Sul apresentou maior redução (-5,7%, para R$ 48,144 bilhões). No Centro-Oeste, a massa de rendimentos per capita foi de R$ 24,612 bilhões, queda de 3,98%.

Os 10% do brasileiros mais ricos concentravam 41,6% de toda a massa de renda do País, o equivalente a cerca de R$ 118,4 bilhões nas mãos de pouco mais de 21 milhões de pessoas. Já os 21 milhões moradores mais pobres detinham apenas 0,9% de toda a soma de rendimentos, ou seja, dividiam apenas R$ 2,56 bilhões.

O IBGE ressalta ainda que os 41,6% da massa de rendimentos nas mãos dos 10% mais ricos são praticamente equivalentes à soma de rendimentos dos 80% da população brasileira com os menores rendimentos (que detinham 43,0% da massa total).

No País, renda proveniente do trabalho tem queda

Dados da PNAD mostram que a pandemia de covid-19 mudou o perfil do rendimento domiciliar no País. O pagamento do auxílio emergencial elevou a participação de programas de transferência de renda no orçamento disponível. Por outro lado, o extermínio de empregos reduziu a participação da renda proveniente do mercado de trabalho, enquanto a mortalidade da pandemia entre idosos e dificuldades operacionais do INSS em conceder benefícios enxugaram a contribuição de aposentadorias para o sustento das famílias brasileiras.

Sob o choque da pandemia, 8,1 milhões de brasileiros deixaram de ter renda proveniente do mercado do trabalho em 2020, indicando que, na média do ano e já considerando as recolocações em meio à recuperação da economia após o choque inicial da crise sanitária, esse contingente perdeu o emprego, incluindo formais e informais. O número de pessoas com rendimento de trabalho caiu de 92,8 milhões em 2019 para 84,7 milhões em 2020, de 44,3% para 40,1% do total de habitantes. O número de pessoas recebendo outros rendimentos saltou de 16,4 milhões em 2019 para 30,2 milhões em 2020, de 7,8% para 14,3% da população.

O grupo de pessoas que recebiam aposentadoria e pensão encolheu de 13% da população brasileira em 2019 para 12,4% em 2020, de 27,4 milhões para 26,2 milhões. A queda no número de pessoas recebendo aposentadorias e pensões se deve à pandemia.

"Pode ser efeito da mortalidade da covid-19, mas também de um represamento do INSS em liberar os benefícios, porque as agências de atendimento estavam fechadas, as pessoas não conseguiam fazer perícias", lembrou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.

Entre os mais de 71 milhões de lares existentes no País, a proporção de domicílios com ao menos um morador recebendo outros programas sociais saltou de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020, sob efeito do pagamento do auxílio emergencial.

Houve aumento na incidência desse tipo de renda em todas as regiões, sobretudo no Norte (de 0,5% em 2019 para 32,2% em 2020) e Nordeste (de 0,8% para 34,0%). Ao mesmo tempo, caiu a proporção de famílias que recebiam o Bolsa Família (de 14,3% para 7,2%), porque parte desses beneficiários passou a receber o auxílio emergencial, explicou o IBGE. Já a proporção de domicílios que recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS) passou de 3,5% para 3,1% no período.

Entre os brasileiros que tinham alguma fonte de renda, o rendimento médio real de todas as fontes diminuiu de R$ 2.292 ao mês em 2019 para R$ 2.213 em 2020, uma queda 3,4%, já descontada a inflação do período. No Sudeste, o valor alcançava R$ 2.575, enquanto o menor era o do Nordeste, R$1.554.

Com a pandemia, o peso do rendimento do trabalho na composição do sustento das famílias atingiu a mínima histórica em 2020, segundo o IBGE. Quando considerados todos os moradores do domicílio, inclusive os que não possuem renda, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita encolheu 4,3%, dos R$ 1 410 estimados em 2019 para R$ 1.349 em 2020.

Os outros rendimentos ganharam participação na composição desse rendimento domiciliar per capita, passando de 3,4% em 2019 para 7,2% no ano passado. Já o peso do rendimento de trabalho caiu de 74,4% para 72,8%. Também caíram, no período, os rendimentos de aposentadoria ou pensão (de 18,7% para 17,6%), aluguel e arrendamento (de 2,4% para 1,5%) e pensão alimentícia, doação ou mesada (de 1,2% para 0,8%).

No entanto, o rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos (que não considera outras fontes de renda) teve uma expansão de 3,4% em 2020, chegando a R$ 2.447 A crise sanitária afetou mais os trabalhadores em posições mais vulneráveis, como os que atuavam por conta própria, aqueles sem carteira assinada no setor privado e os empregados domésticos. O extermínio dessas vagas com remuneração mais baixa contribuiu para a elevação da renda média de quem permaneceu trabalhando, explicou o IBGE.

Com menos pessoas trabalhando e mais beneficiários de programas sociais, ainda que temporariamente, o Nordeste foi a primeira e única região do País a registrar um porcentual de pessoas com rendimento de trabalho (32,3%) inferior ao das pessoas que recebiam rendimento de outras fontes (32,8%), categoria que inclui as transferências de renda do governo.

No Estado, 35% receberam renda de programas sociais

Quase 700 mil potiguares enfrentaram o ano de 2020 tendo como única fonte de renda os programas governamentais de transferência financeira. Dados divulgados nesta sexta-feira (19), pelo IBGE, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), mostram o nível de dependência da população.  

Segundo o diretor de Inovação e Competitividade da Fecomércio RN, Luciano Kleiber, o crescimento está diretamente relacionado ao aumento do desemprego e à perda generalizada de receitas causada pela pandemia. 

Em 2019, 387 mil pessoas recebiam recursos dos programas federais, como o Bolsa Família. Já em 2020, o número saltou para 693 mil, índice inflado pelo Auxílio Emergencial, criado durante a crise sanitária, e representando um crescimento de 36,2%.  

"O Rio Grande do Norte, quando comparado os números registrados nacionalmente, ficou abaixo do índice geral, que viu este número saltar de 16,4 milhões para 30,23 milhões (alta de 55,85%)", destacou.

O presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, analisa que os números divulgados reforçam como os programas de transferência de renda são importantes para a economia em momentos de crise. "Esses recursos contribuíram para a diminuição da miséria e, consequentemente, ganho do poder de compra dessa parcela da população, mesmo que extremamente limitado. Sem essas iniciativas, os impactos negativos em âmbitos social e econômico seriam ainda maiores”, afirmou. 

De acordo com a Pnad,  o percentual de domicílios com rendimento de “outros programas sociais”, além do  Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC), teve forte crescimento em todos os estados do País. No RN, em 2019, apenas 0,8% dos domicílios particulares permanentes tinha rendimentos provenientes desta fonte. No ano seguinte, este percentual chegou a 34,9%. Este indicador coloca o RN como o sexto estado com maior percentual de domicílios recebendo recursos de outros programas sociais, atrás de Piauí (38,7%), Paraíba (38,6%), Alagoas (37,2%), Maranhão (36,9%) e Amazonas (36,1%).

O percentual de domicílios que receberam Bolsa Família sofreu uma forte redução em 2020 em comparação a 2019. No RN, 25,7% dos domicílios particulares permanentes recebiam recursos deste programa social em 2019, percentual que caiu para 10,9%, em 2020. Esta queda foi observada em todos os estados brasileiros.

Por outro lado, houve um aumento no percentual de domicílios potiguares recebendo o BPC, de 4,6% em 2019 para 5,1% em 2020. Além do RN, apenas mais quatro estados tiveram ampliação no percentual de domicílios com este benefício: Acre, Amapá, Sergipe e Mato Grosso do Sul.

 

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