Em 2020, as pessoas ocupadas
com 14 anos ou mais no Rio Grande do Norte receberam, como rendimento médio
mensal de todos os trabalhos, o valor de R$ 1.940. Essa foi a maior remuneração
observada entre os estados do Nordeste. Quando se trata da média de todos os
residentes com rendimento do estado, o RN também ocupa o primeiro lugar da
região, com o valor de R$ 1.768.
Apesar disso, estes valores
estão bem abaixo dos rendimentos médios mensais para o Brasil, de R$ 2.447 para
pessoas de 14 anos ou mais e de R$ 2.213 para população residente. Os menores
valores de rendimento médio mensal foram observados no estado do Maranhão
(R$1.401,00 e R$ 1.270,00) e os maiores, no Distrito Federal (R$ 4.215,00 e R$
3.974,00).
Estes dados são da edição anual
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: Rendimento de todas as fontes
2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e
que investiga informações sobre os rendimentos provenientes do trabalho e de
outras fontes da população residente no Brasil.
Os indicadores de rendimento
médio mensal levantados pela PNAD 2020 evidenciaram a disparidade regional
entre estados do Norte e Nordeste e os estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste.
Nestas três regiões, todos os estados que as compõem registraram maiores
valores do que as unidades federativas do Norte e Nordeste.
Massa de rendimento
A pesquisa divulgada nesta sexta-feira (19) também mostrou que a pandemia retirou das famílias brasileiras R$ 10,6 bilhões em 2020, a despeito do reforço proveniente de medidas emergenciais de socorro financeiro à população. O pagamento do auxílio emergencial elevou a massa de renda em circulação nas regiões Norte e Nordeste, mas não foi suficiente para repor todos os rendimentos perdidos do trabalho e de aposentadorias no restante do País.
A massa de rendimento médio
mensal real domiciliar per capita totalizou R$ 284,6 bilhões em 2020, ante um
montante de R$ 295,2 bilhões em 2019. Mais da metade (50,7%) desse bolo ficou
concentrado no Sudeste, R$ 144,416 bilhões, embora tenha recuado 5,2% em
relação ao ano anterior.
Os aumentos na massa de renda
no Norte foram de 3,6% (para R$ 16,437 bilhões) e no Nordeste foram de 1,4%
(para R$ 50,989 bilhões), enquanto o Sul apresentou maior redução (-5,7%, para
R$ 48,144 bilhões). No Centro-Oeste, a massa de rendimentos per capita foi de
R$ 24,612 bilhões, queda de 3,98%.
Os 10% do brasileiros mais
ricos concentravam 41,6% de toda a massa de renda do País, o equivalente a
cerca de R$ 118,4 bilhões nas mãos de pouco mais de 21 milhões de pessoas. Já
os 21 milhões moradores mais pobres detinham apenas 0,9% de toda a soma de
rendimentos, ou seja, dividiam apenas R$ 2,56 bilhões.
O IBGE ressalta ainda que os
41,6% da massa de rendimentos nas mãos dos 10% mais ricos são praticamente
equivalentes à soma de rendimentos dos 80% da população brasileira com os
menores rendimentos (que detinham 43,0% da massa total).
No País, renda proveniente do
trabalho tem queda
Dados da PNAD mostram que a
pandemia de covid-19 mudou o perfil do rendimento domiciliar no País. O
pagamento do auxílio emergencial elevou a participação de programas de
transferência de renda no orçamento disponível. Por outro lado, o extermínio de
empregos reduziu a participação da renda proveniente do mercado de trabalho,
enquanto a mortalidade da pandemia entre idosos e dificuldades operacionais do
INSS em conceder benefícios enxugaram a contribuição de aposentadorias para o
sustento das famílias brasileiras.
Sob o choque da pandemia, 8,1
milhões de brasileiros deixaram de ter renda proveniente do mercado do trabalho
em 2020, indicando que, na média do ano e já considerando as recolocações em
meio à recuperação da economia após o choque inicial da crise sanitária, esse
contingente perdeu o emprego, incluindo formais e informais. O número de
pessoas com rendimento de trabalho caiu de 92,8 milhões em 2019 para 84,7
milhões em 2020, de 44,3% para 40,1% do total de habitantes. O número de
pessoas recebendo outros rendimentos saltou de 16,4 milhões em 2019 para 30,2
milhões em 2020, de 7,8% para 14,3% da população.
O grupo de pessoas que
recebiam aposentadoria e pensão encolheu de 13% da população brasileira em 2019
para 12,4% em 2020, de 27,4 milhões para 26,2 milhões. A queda no número de
pessoas recebendo aposentadorias e pensões se deve à pandemia.
"Pode ser efeito da
mortalidade da covid-19, mas também de um represamento do INSS em liberar os
benefícios, porque as agências de atendimento estavam fechadas, as pessoas não
conseguiam fazer perícias", lembrou Alessandra Scalioni Brito, analista do
IBGE.
Entre os mais de 71 milhões
de lares existentes no País, a proporção de domicílios com ao menos um morador
recebendo outros programas sociais saltou de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020,
sob efeito do pagamento do auxílio emergencial.
Houve aumento na incidência
desse tipo de renda em todas as regiões, sobretudo no Norte (de 0,5% em 2019
para 32,2% em 2020) e Nordeste (de 0,8% para 34,0%). Ao mesmo tempo, caiu a
proporção de famílias que recebiam o Bolsa Família (de 14,3% para 7,2%), porque
parte desses beneficiários passou a receber o auxílio emergencial, explicou o
IBGE. Já a proporção de domicílios que recebiam o Benefício de Prestação
Continuada (BPC-LOAS) passou de 3,5% para 3,1% no período.
Entre os brasileiros que
tinham alguma fonte de renda, o rendimento médio real de todas as fontes
diminuiu de R$ 2.292 ao mês em 2019 para R$ 2.213 em 2020, uma queda 3,4%, já
descontada a inflação do período. No Sudeste, o valor alcançava R$ 2.575,
enquanto o menor era o do Nordeste, R$1.554.
Com a pandemia, o peso do
rendimento do trabalho na composição do sustento das famílias atingiu a mínima
histórica em 2020, segundo o IBGE. Quando considerados todos os moradores do
domicílio, inclusive os que não possuem renda, o rendimento médio mensal real
domiciliar per capita encolheu 4,3%, dos R$ 1 410 estimados em 2019 para R$ 1.349
em 2020.
Os outros rendimentos
ganharam participação na composição desse rendimento domiciliar per capita,
passando de 3,4% em 2019 para 7,2% no ano passado. Já o peso do rendimento de
trabalho caiu de 74,4% para 72,8%. Também caíram, no período, os rendimentos de
aposentadoria ou pensão (de 18,7% para 17,6%), aluguel e arrendamento (de 2,4%
para 1,5%) e pensão alimentícia, doação ou mesada (de 1,2% para 0,8%).
No entanto, o rendimento
médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos (que não considera
outras fontes de renda) teve uma expansão de 3,4% em 2020, chegando a R$ 2.447
A crise sanitária afetou mais os trabalhadores em posições mais vulneráveis,
como os que atuavam por conta própria, aqueles sem carteira assinada no setor
privado e os empregados domésticos. O extermínio dessas vagas com remuneração
mais baixa contribuiu para a elevação da renda média de quem permaneceu
trabalhando, explicou o IBGE.
Com menos pessoas trabalhando
e mais beneficiários de programas sociais, ainda que temporariamente, o
Nordeste foi a primeira e única região do País a registrar um porcentual de
pessoas com rendimento de trabalho (32,3%) inferior ao das pessoas que recebiam
rendimento de outras fontes (32,8%), categoria que inclui as transferências de
renda do governo.
No Estado, 35% receberam
renda de programas sociais
Quase 700 mil potiguares
enfrentaram o ano de 2020 tendo como única fonte de renda os programas
governamentais de transferência financeira. Dados divulgados nesta sexta-feira
(19), pelo IBGE, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD
Contínua), mostram o nível de dependência da população.
Segundo o diretor de Inovação
e Competitividade da Fecomércio RN, Luciano Kleiber, o crescimento está
diretamente relacionado ao aumento do desemprego e à perda generalizada de
receitas causada pela pandemia.
Em 2019, 387 mil pessoas
recebiam recursos dos programas federais, como o Bolsa Família. Já em 2020, o
número saltou para 693 mil, índice inflado pelo Auxílio Emergencial, criado durante
a crise sanitária, e representando um crescimento de 36,2%.
"O Rio Grande do Norte,
quando comparado os números registrados nacionalmente, ficou abaixo do índice
geral, que viu este número saltar de 16,4 milhões para 30,23 milhões (alta de
55,85%)", destacou.
O presidente da Fecomércio
RN, Marcelo Queiroz, analisa que os números divulgados reforçam como os
programas de transferência de renda são importantes para a economia em momentos
de crise. "Esses recursos contribuíram para a diminuição da miséria e,
consequentemente, ganho do poder de compra dessa parcela da população, mesmo
que extremamente limitado. Sem essas iniciativas, os impactos negativos em
âmbitos social e econômico seriam ainda maiores”, afirmou.
De acordo com a Pnad, o
percentual de domicílios com rendimento de “outros programas sociais”, além
do Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC), teve forte
crescimento em todos os estados do País. No RN, em 2019, apenas 0,8% dos
domicílios particulares permanentes tinha rendimentos provenientes desta fonte.
No ano seguinte, este percentual chegou a 34,9%. Este indicador coloca o RN
como o sexto estado com maior percentual de domicílios recebendo recursos de
outros programas sociais, atrás de Piauí (38,7%), Paraíba (38,6%), Alagoas
(37,2%), Maranhão (36,9%) e Amazonas (36,1%).
O percentual de domicílios
que receberam Bolsa Família sofreu uma forte redução em 2020 em comparação a
2019. No RN, 25,7% dos domicílios particulares permanentes recebiam recursos
deste programa social em 2019, percentual que caiu para 10,9%, em 2020. Esta
queda foi observada em todos os estados brasileiros.
Por outro lado, houve um
aumento no percentual de domicílios potiguares recebendo o BPC, de 4,6% em 2019
para 5,1% em 2020. Além do RN, apenas mais quatro estados tiveram ampliação no
percentual de domicílios com este benefício: Acre, Amapá, Sergipe e Mato Grosso
do Sul.
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