sexta-feira, 7 de maio de 2021

Governo do RN se diz tranquilo, mas teme parar para atender a CPI da Covid

Agora RN

O secretário-chefe do Gabinete Civil do governo do Estado, Raimundo Alves, avalia que a CPI da Covid, iniciada nessa semana no Senado, é uma verdadeira caixinha de surpresas, onde “se sabe como começa, mas não se sabe como termina”. Sobre um dos objetos da comissão, que investiga a atuação do governo federal na pandemia, mas também os repasses a Estados e Municípios, Alves considera natural que haverá tentativas da bancada governista no sentido de desviar os holofotes para possíveis malversações de recursos nos estados. No entanto, segundo o secretário, quanto a isso a gestão Fátima está “tranquila”. “Isso não nos traz grande preocupação. O que nos preocupa é termos de parar em alguns momentos para responder aos questionamentos que eventualmente venham da comissão, preocupação política, sobretudo”, diz. 

Na avaliação de Raimundo Alves, o governo do Estado está concentrado nesse momento em dar conta das demandas relacionadas à covid-19, entre as quais encontra-se a melhoria dos índices dos hospitais, o que já vem ocorrendo nos últimos dias, gerando uma perspectiva de alguma tranquilidade – embora seja apenas uma perspectiva, uma vez que o quadro da covid modifica-se diariamente. “Uma CPI sabe-se como começa e não sabe-se como termina. Evidentemente que a bancada do governo federal vai procurar desviar a atenção para estados e municípios, numa tentativa de criminalização, a gente sabe disso. Mas aqui no Estado estamos muito tranquilos quanto a isso, porque o próprio site Regula dá total transparência a todas as ações do estado em relação à covid”. 

Ainda sobre a CPI da COVID, Raimundo baseia a “tranquilidade” do governo estadual no fato de que a única “suspeita” de irregularidade no trato de recursos que recaiu sobre o governo Fátima até o momento, a compra do Consórcio Nordeste de respiradores que nunca chegaram e que custou R$ 5 milhões aos cofres públicos, com verba federal, já foi desfeita por pareceres prévios de órgãos de fiscalização e controle como o Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado (MPTCE), e o próprio Ministério Público Federal, através de análise da Procuradoria da República no Rio Grande do Norte. “Para a gente essa questão está tranquila, não temos grandes preocupações com isso, porque o próprio MPTCE declarou que o Estado não cometeu irregularidades, assim como o MPF. O que fizemos foi devidamente analisado, tanto pelo MPTCE como pelo MPF”, salientou. 

Secretário descarta terceira onda de Covid no Estado, por ora 

Sobre uma terceira onda de crescimento do número de casos, já especulada, Raimundo nega que o governo estadual esteja trabalhando com esse hipótese, ressalvando, contudo, a existência dessa especulação no mundo científico em nível nacional. “Aqui não temos elementos para colocar nada nesse sentido”. 

Contudo, segundo ele, é preocupante a falta de insumos como kit intubação nos hospitais da rede estadual. “Nós estamos ainda muito preocupados com a garantia de insumos nos hospitais, é muito preocupante porque ainda não estamos em situação de tranquilidade, para caso a situação se agrave mais, termos garantias”, diz, se referindo a “problemas muito sérios de abastecimento de insumos, sobretudo kit intubação”, o que é uma situação nacional, não apenas do estado. 

“O Ministério da Saúde é o único caminho, porque baixou uma norma em que todo o fornecimento das empresas tem que ser feito para o Ministério que adquire e distribui. Para o governo do Estado, e para os municípios, só se adquire solicitando ao Ministério, não podemos adquirir de forma direta, porque os fornecedores não podem vender”, diz. 

Fátima arrumou o RN, que estava desarrumado, diz secretário 

Ao defender como “natural” que a governadora Fátima Bezerra seja candidata à reeleição, o secretário Raimundo Alves afirma que a petista, em dois anos e meio de mandato e em plena pandemia, “arrumou a casa, que estava tão desarrumada”, disse, referindo-se às situações de folhas de pessoal atrasadas e outros problemas herdados da gestão Robinson Faria (PSD). 

“A governadora nunca analisou ou declarou essa decisão (de que será candidata à reeleição)”. Agora é claro que para ela o processo de reeleição é natural. Quem está no poder, executou um trabalho e quer colocar esse trabalho para ser avaliado pela população, é natural colocar seu projeto em disputa novamente. Bem natural. Claro, para ser trabalhado no momento certo”, diz Raimundo Alves. 

Instado a falar sobre quais avanços o governo do PT considera ter feito no Estado, além do “processo todo de arrumação da casa, que estava tão desarrumada e que leva tempo”, segundo Raimundo, “evidentemente que tinham áreas em que a população pedia uma resposta mais imediata, como segurança e, agora, o caso da saúde, agravado pela Covid”. 

Além destes pontos, onde considera ter havido avanços no atual governo, o secretário elenca o que ele chama de “recuperação da economia”, pautado pelo pagamento das folhas de pessoal em atraso, e a manutenção dos salários do funcionalismo em dia desde que Fátima assumiu o Poder. “Já conseguimos quitar boa parte da dívida que herdamos, deveremos pagar outra parcela desses salários agora em maio, junto com a folha”. 

De acordo com Alves, a pandemia atrapalhou o ritmo de recuperação do Estado, não apenas a capacidade gerencial do Estado, mas também a economia como um todo. “Antes da pandemia, vínhamos num ritmo bom, mas evidentemente que fomos impactados pela pandemia. Porém, ainda assim, os índices do nosso estado são bons, comparados com o que ocorre em outros estados do Nordeste”, pontua. 

“Governo é sensível às empresas, mas mais responsável pela vida” 

Sobre as críticas de setores da economia, sobretudo os ligados a comércio e turismo, Raimundo Alves lembra que o governo tem mantido uma mesa permanente de negociação com as lideranças do segmento empresarial, atendendo as demandas dentro do que considera possível fazer. “Evidentemente que alguns setores são mais atingidos diretamente, no caso do pandemia, mas isso é no mundo inteiro”, diz, lembrando que mais recentemente o Japão decretou lockdown, enquanto que no Rio Grande do Norte essa medida nunca chegou a ser decretada, atendendo o setor empresarial. 

“Nossas medidas têm sido de forma a não paralisar a economia totalmente. Porque o nosso estado é muito pobre. Agora tem setores que são atingidos no mundo inteiro, não é privilégio do RN, nem de qualquer outro estado. Bares e restaurantes, o setor de turismo, são os mais impactados. Isso pesa porque a indústria do turismo tem grande peso na economia e geração de emprego, mas temos uma responsabilidade nesse caso muito forte com a vida dos trabalhadores e das pessoas. E nem todas as demandas apresentadas conseguimos atender. Mas temos feito as negociações que nos cabem e que dão para ser feitas”, pontua. 

Eleições 2022 não são prioridade da governadora 

Salientando como legítimas as movimentações políticas, sobretudo da oposição, em relação a 2022, o secretário Raimundo Alves afirma que discutir as eleições do ano que vem não é a prioridade da governadora Fátima no presente momento. 

“Até o momento na assessoria da governadora, não paramos para fazer avaliação ou conjectura sobre 2022. Temos estado no meio da uma pandemia, e temos nos preservados a qualquer assunto. Ninguém, nenhum assessor dela, tem autorização para tratar sobre este assunto”, diz. 

Entretanto, segundo o secretário, o governo considera natural “que nomes se apresentem, que o senador estando no mandato reivindique”, afirmou, ao se referir à entrevista concedida pelo senador Jean Paul Prates, afirmando que será candidato à reeleição. 

Para o secretário-chefe do Gabinete Civil do Governo do Rio Grande do Norte, são legítimas todas as movimentações em ano pré-eleitoral. “Mas a posição da governadora não temos. Claro que a candidatura dela à reeleição é prioridade. Mas não é a preocupação atual da governadora”.


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