G1
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério
da Economia informou nesta terça-feira (17) que elevou de 2,35% para 4,10% a
estimativa de inflação de 2020 medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC).
O INPC baseia a correção anual do salário mínimo pelo
governo. Se esse aumento previsto pelo governo se confirmar, e não houver
mudança no cálculo, o reajuste do salário mínimo de 2021 também será maior do
que o estimado anteriormente.
Atualmente, o salário mínimo está em R$ 1.045. Com a
nova previsão para o INPC no acumulado de 2020, o valor subiria para R$
1.087,84 no ano que vem. Esse valor está R$ 20,84 acima da última proposta
oficial do governo para o salário mínimo em 2021, divulgada em agosto, de R$
1.067.
De acordo com informações do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário
mínimo serve de referência para 49 milhões de trabalhadores no Brasil.
O valor para o salário mínimo de 2021 pode sofrer
novas alterações no decorrer deste ano, com base nas projeções de inflação para
o ano de 2020 (utilizadas como parâmetro para correção).
A Constituição determina que o salário mínimo tem de
ser corrigido, ao menos, pela variação do INPC do ano anterior.
Em setembro, a área econômica do governo informou
apoiar que benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, fossem
desvinculados do reajuste do salário mínimo e congelados nos próximos dois
anos. Porém, o estudo foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Sem aumento real
No projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO)
enviado pelo governo ao Congresso este ano, está prevista a correção do salário
mínimo apenas pela inflação, com base na estimativa do INPC. Se isso for
cumprido, não haverá “ganho real”, ou seja, o poder de compra de quem recebe
salário mínimo permanecerá inalterado.
Esse formato já foi adotado neste ano, quando a área
econômica reajustou o salário mínimo somente com base na inflação de 2019.
Com isso, o governo mudou a política de aumentos reais
(acima da inflação) implementada nos últimos anos e que foi proposta pela
presidente Dilma Rousseff e aprovada pelo Congresso.
A política de reajustes pela inflação e variação do
Produto Interno Bruto (PIB) vigorou de 2011 a 2019, mas nem sempre o salário
mínimo subiu acima da inflação.
Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste
somente com base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016)
teve retração. Por isso, para cumprir a fórmula proposta, somente a inflação
serviu de base para o aumento.
Impacto nas contas públicas
Ao conceder um reajuste maior para o salário mínimo, o
governo federal também gasta mais. Isso porque os benefícios previdenciários
não podem ser menores que o valor do mínimo.
De acordo com cálculos do governo, a cada R$ 1 de aumento
do salário mínimo cria-se uma despesa em 2020 de aproximadamente R$ 355
milhões.
Assim, um reajuste R$ 20,84 maior para o salário
mínimo em 2021 representaria uma queda de cerca de R$ 7,4 bilhões nas despesas
criadas para o governo federal.
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