Os dez estabelecimentos no topo das falésias e alguns
trechos da praia de Pipa, no litoral do Rio Grande do Norte, vão seguir
interditados temporariamente até a conclusão de um relatório técnico que está
sendo elaborado pela Prefeitura de Tibau do Sul.
Os empreendimentos e algumas partes da faixa de
areia foram
interditados pela prefeitura por recomendação da Defesa Civil do
RN um dia após o desabamento
de parte da falésia que matou o casal Hugo Pereira, de 32 anos, e Stela Souza,
de 33, o filho deles, Sol de Souza, de 7 meses, e o cachorro da família no
dia 17 de novembro.
Segundo o Município, o relatório está dividido em duas
etapas. A primeira parte é um estudo geológico, que mapeou os locais de risco
de acidente, e foi entregue nesta quarta-feira (25).
Essa etapa servirá de base para a fase seguinte: um
estudo de uma equipe de engenheiros civis, que deve ser concluído entre 10 e 15
dias. Até lá, a decisão da prefeitura de Tibau do Sul foi manter todos os
locais interditados temporariamente.
A partir desse estudo, as equipes de engenharia e de
perícia vão elaborar um relatório no qual vão orientar quais medidas são
necessárias quanto aos imóveis interditados preventivamente.
O estudo geológico, que foi entregue nesta
quarta-feira, começou a ser feito antes do acidente. O trabalho analisou as
estruturas das falésias e considerou os eventuais agentes causadores dos
deslizamentos.
Emergência
A prefeitura de Tibau
do Sul decretou situação de emergência na sexta-feira (20), após o
desabamento. O decreto tem validade de 90 dias. De acordo com o documento, a
área da praia foi afetada por um desastre natural geológico "por movimento
de massa com deslizamento de solo/ou rocha".
O governo do Rio Grande do Norte anunciou na noite da
quinta-feira (19) que vai criar
uma força-tarefa para auxiliar o município de Tibau do Sul na fiscalização das
áreas interditadas temporariamente nas falésias de Pipa. O Poder
Executivo também garantiu instalar a estrutura para o isolamento da orla, no
trecho do Centro de Pipa até a Praia do Madeiro, no intuito de proteger
banhistas e comerciantes. As faixas colocadas até agora, na parte de baixo da
areia, acabam sendo levadas pela maré cheia e são recolocadas pelo município.
Farão parte da equipe que auxiliará na fiscalização da
área agentes da força de segurança e de órgãos ambientais.
Na tarde de quinta (19), a equipe da Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil esteve no trecho da falésia que
desabou ao lado de equipes da Defesa Civil do RN e do Idema para vistoria do
local.
Segundo o órgão nacional, a medida atual de interdição
é a melhor alternativa a curto prazo. Outras atuações serão pensadas após
estudo das áreas. O trecho foi interditado um dia após o acidente pela
prefeitura de Tibau do Sul.
A equipe coletou amostras das falésias para análises
que podem ser usadas para decisões futuras no trecho. O geólogo explicou que
qualquer medida de proteção a médio ou longo prazo na região depende de um
estudo mais aprofundado.
O Ministério Público Federal tem 18 inquéritos para
apurar irregularidades nessas áreas ambientais e acompanha as ações.
Risco das falésias
Sobre a ação do mar nas falésias, Rodrigo Guimarães,
professor de gestão ambiental da UERN, aponta que "as ondas quebram e vão
tirando o material da base, e, quando elas escavam, criam essas espécies de
caverna, de cavidades". "Aí desestabiliza a frente da falésia, na
área da parede da falésia, porque tira a sustentação", comenta.
Os próprios moradores locais e comerciantes da praia
têm o costume de avisar sobre o riscos.
A prefeitura de Tibau do Sul alega que havia colocado
placas avisando para o perigo das falésias, mas que elas foram levadas pela
maré. Banhistas e comerciantes negam que o trecho que desabou tivesse algum
tipo de aviso.
Família morreu soterrada
O desabamento de uma falésia causou
a morte de Hugo Pereira, de 32 anos, Stela Souza, de 33, do filho do casal, Sol
Souza Pereira, que tinha 7 meses de vida, e do cachorro da família.
Uma das vítimas, Hugo
Pereira, de 32 anos, era gerente de recepção no hotel Sunbay. Ele é
natural de Jundiaí, no interior de São Paulo, e morava havia alguns anos em
Pipa.
Testemunhas relataram que eles estavam sentados
próximos à falésia, quando houve o desabamento. Stela
ainda chegou a tentar salvar o filho e o abraçou antes da queda. A
família foi velada e sepultada na quarta-feira (18) sob forte comoção, em Pipa.

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