Quando a pandemia começou e as restrições sociais se
intensificaram no Rio Grande do Norte, em março, a professora da rede pública
Maria Zilda Medeiros viu as escolas fecharem e as aulas pararem sem qualquer
perspectiva de retorno.
Seguindo uma orientação do Governo do RN a partir de
maio, ela se reinventou e começou uma conexão on-line com os alunos. Um desafio
que se tornou ainda maior para ela, que é educadora de alunos surdos, mas que,
ao comemorar o Dia do Professor nesta quinta-feira (15), ela acredita que
tem valido a pena.
Maria Zilda Medeiros dá aula de Libras e Língua
Portuguesa na Escola Estadual Professora Ocila Bezerril, em Montanhas, cidade
cerca de 80 quilômetros de Natal e que fica próxima à Paraíba, onde ela mora,
na cidade de Jacaraú.
Ela conta que o trabalho com alunos surdos tem sido
desenvolvido há três anos.
"A gente vinha desenvolvendo um trabalho pra os
alunos surdos aprenderem a escrever e as Libras. Mas eu tinha dois alunos que
vinham aprendendo a desenvolver a escrita para fazer a redação do Enem. Então,
na hora que parou as escolas, busquei junto aos pais desenvolver um trabalho
para continuar a escrita desses alunos surdos", contou.
As atividades podem ser recolhidas pelos alunos na
escola, mas toda atividade deve ser feita de casa. Em caso de dúvida, a
professora tem horários na semana para atendê-los on-line.
A experiência não tem sido fácil, segundo ela, mas é
compensador. "A experiência tem sido algo novo, mas algo que deixa
realizações, por a gente estar buscando incentivar os alunos a continuarem
estudando".
Ela explica que nem todo tipo de atividade é coberta
de forma suficiente por uma aula virtual. "Sabemos que às vezes a internet
não é o suficiente para desenvolver as atividades, mas estamos fazendo o máximo
para fazer os alunos não desistirem e continuarem a estudar", reforçou.
Para além da dificuldade da comunicação virtual, Maria
Zilda comenta que a distância dos alunos nesses tempos de pandemia aumenta a
saudade deles. E que uma das principais faltas do contato diário é de poder
abraçá-los.
"Na aula presencial a gente tem o contato com o
aluno, a gente vê o semblante de perto, qual a maior necessidade do aluno. A
aula a distância a gente tem esse bloqueio de comunicação, de contato com o
outro, então assim, isso deixa muito a desejar, porque a gente é tanto
professor, como a gente passa a ser um conselheiro daquela pessoa, um
amigo", conta.
"Com essa distância, tem esses pequenos
bloqueios, a saudade de sentir, de dar um abraço, de dizer que está bem, está
vivo. Isso é muito bom. Dá muita saudade a falta da aula presencial".

Nenhum comentário:
Postar um comentário