quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Fiscalização combate venda de cabos elétricos falsificados em Natal

 


Uma operação realizada nesta quarta-feira (29) em Natal fiscalizou lojas de material elétrico para combater a comercialização de cabos falsificados — conhecidos no mercado como “cabos desbitolados”. A ação foi promovida pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (Crea-RN), em parceria com o Instituto de Pesos e Medidas do RN (Ipem-RN), o Procon Natal, o Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos (Sindicel) e a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel).

Os cabos irregulares possuem menor quantidade de cobre do que a especificada nas normas técnicas e, por isso, apresentam menor capacidade de condução elétrica — o que pode causar curto-circuitos e incêndios. Durante a fiscalização, técnicos compararam cabos originais e falsificados, demonstrando as diferenças de espessura e resistência.

“O fio falsificado se rompe a temperaturas menores e conduz menos corrente elétrica. É isso que tem provocado muitos incêndios na nossa cidade, colocando em risco vidas e patrimônios”, alertou o presidente do Crea-RN, Roberto Wagner. Ele orienta os consumidores a verificar o selo do Inmetro nas embalagens e desconfiar de preços muito abaixo da média. “Não existe cabo de cobre muito mais barato que o outro. O selo e o preço coerente são sinais de segurança”, reforçou.

Segundo o fiscal do Ipem-RN, Antônio Damásio, produtos sem selo ou com registro irregular são apreendidos e encaminhados para destruição após processo administrativo. “As empresas autuadas respondem a processo e, se confirmada a infração, o material é descartado”, explicou.

O Procon Natal também pode aplicar multas aos estabelecimentos que vendem cabos irregulares. “Quando um produto é anunciado com determinada bitola e não corresponde à especificação, há propaganda enganosa. O comerciante responde administrativamente”, destacou o diretor de fiscalização do órgão, Gutemberg dos Santos.

O empresário Ivanilson Veras, proprietário de uma das lojas fiscalizadas, afirmou apoiar a iniciativa. “Nós só trabalhamos com produtos certificados e promovemos palestras para eletricistas sobre os riscos dos cabos falsificados. Essa conscientização é importante para toda a cadeia”, disse.

Além das lojas, a operação também vistoriou obras em execução, especialmente as do programa Minha Casa, Minha Vida, para verificar o uso de materiais dentro das normas técnicas. “Estamos percorrendo toda a cadeia — do consumidor ao fornecedor — para garantir segurança à sociedade”, ressaltou o presidente do Crea-RN.

De acordo com a Abracopel, o Brasil registrou, em 2024, quase 1.200 incêndios causados por sobrecarga elétrica, sendo mais da metade em residências. “Grande parte desses casos está relacionada ao uso de fios e cabos de baixa qualidade”, afirmou o diretor executivo da entidade, Edson Martinho.

O setor de fios e cabos elétricos movimentou R$ 8,21 bilhões em 2024, segundo dados do Sindicel. No mesmo período, o mercado ilegal de produtos falsificados foi responsável por R$ 2,64 bilhões em vendas. O diretor executivo da entidade, Ênio Rodrigues, explica que, quando um cabo é reprovado em teste de resistência, tanto o fabricante quanto o comerciante podem ser autuados. “Se o produto não cumpre as normas da ABNT, o registro é suspenso e o material apreendido. A loja também responde administrativamente, ainda que tenha agido de boa-fé”, afirmou.

 

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