Uma operação realizada nesta quarta-feira (29) em
Natal fiscalizou lojas de material elétrico para combater a comercialização de
cabos falsificados — conhecidos no mercado como “cabos desbitolados”. A ação foi
promovida pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do
Norte (Crea-RN), em parceria com o Instituto de Pesos e Medidas do RN
(Ipem-RN), o Procon Natal, o Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos
(Sindicel) e a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da
Eletricidade (Abracopel).
Os cabos irregulares possuem menor quantidade de
cobre do que a especificada nas normas técnicas e, por isso, apresentam menor
capacidade de condução elétrica — o que pode causar curto-circuitos e
incêndios. Durante a fiscalização, técnicos compararam cabos originais e
falsificados, demonstrando as diferenças de espessura e resistência.
“O fio falsificado se rompe a temperaturas menores e
conduz menos corrente elétrica. É isso que tem provocado muitos incêndios na
nossa cidade, colocando em risco vidas e patrimônios”, alertou o presidente do
Crea-RN, Roberto Wagner. Ele orienta os consumidores a verificar o selo do
Inmetro nas embalagens e desconfiar de preços muito abaixo da média. “Não
existe cabo de cobre muito mais barato que o outro. O selo e o preço coerente
são sinais de segurança”, reforçou.
Segundo o fiscal do Ipem-RN, Antônio Damásio,
produtos sem selo ou com registro irregular são apreendidos e encaminhados para
destruição após processo administrativo. “As empresas autuadas respondem a
processo e, se confirmada a infração, o material é descartado”, explicou.
O Procon Natal também pode aplicar multas aos
estabelecimentos que vendem cabos irregulares. “Quando um produto é anunciado
com determinada bitola e não corresponde à especificação, há propaganda
enganosa. O comerciante responde administrativamente”, destacou o diretor de
fiscalização do órgão, Gutemberg dos Santos.
O empresário Ivanilson Veras, proprietário de uma das
lojas fiscalizadas, afirmou apoiar a iniciativa. “Nós só trabalhamos com
produtos certificados e promovemos palestras para eletricistas sobre os riscos
dos cabos falsificados. Essa conscientização é importante para toda a cadeia”,
disse.
Além das lojas, a operação também vistoriou obras em
execução, especialmente as do programa Minha Casa, Minha Vida, para verificar o
uso de materiais dentro das normas técnicas. “Estamos percorrendo toda a cadeia
— do consumidor ao fornecedor — para garantir segurança à sociedade”, ressaltou
o presidente do Crea-RN.
De acordo com a Abracopel, o Brasil registrou, em
2024, quase 1.200 incêndios causados por sobrecarga elétrica, sendo mais da
metade em residências. “Grande parte desses casos está relacionada ao uso de
fios e cabos de baixa qualidade”, afirmou o diretor executivo da entidade,
Edson Martinho.
O setor de fios e cabos elétricos movimentou R$ 8,21
bilhões em 2024, segundo dados do Sindicel. No mesmo período, o mercado ilegal
de produtos falsificados foi responsável por R$ 2,64 bilhões em vendas. O
diretor executivo da entidade, Ênio Rodrigues, explica que, quando um cabo é
reprovado em teste de resistência, tanto o fabricante quanto o comerciante
podem ser autuados. “Se o produto não cumpre as normas da ABNT, o registro é
suspenso e o material apreendido. A loja também responde administrativamente,
ainda que tenha agido de boa-fé”, afirmou.

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