Enquanto os principais ministros do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) adotam discrição diante da operação da Polícia
Federal desta sexta-feira,18, a militância do PT atua para desgastar o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com conteúdo cedido pelo próprio Palácio
Planalto.
Em nota, a Secretaria de Comunicação (Secom) da
Presidência da República afirmou que seus integrantes se dedicam exclusivamente
à produção de conteúdos de natureza institucional do governo e que vídeos
usados pela estratégia de comunicação do PT foram os mesmos enviados para
setores do governo (leia mais abaixo).
Com a operação contra Bolsonaro, a ordem nos grupos
de WhatsApp usados pelo partido para a disputa política era focar na
repercussão do pronunciamento de Lula, levado ao ar na véspera, e na ação que
levou Bolsonaro a sofrer medidas cautelares, como monitoramento com
tornozeleira eletrônica.
A coordenação da estratégia digital petista
disponibilizou, ainda na manhã de sexta, “cortes” do pronunciamento em que Lula
cita indiretamente Bolsonaro, como o trecho em que o presidente diz que “alguns
políticos” são “traidores da Pátria”.
Dez versões do pronunciamento haviam sido
disponibilizadas, em grupos de WhatsApp da rede de influenciadores do PT, por
meio de um link, somente três minutos após o pronunciamento de Lula ir ao ar em
cadeia nacional, ainda na quinta-feira.
Os recortes tinham na “digital” de criação o email
pessoal de Mariana Gurgel Zoccoli, diretora do Departamento de Produção, Edição
e Acervo da Secretaria de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual da
Secom. Procurada pelo mesmo canal, a diretora não deu retorno.
Os demais conteúdos disseminados pela rede petista
tinham paralelo com recortes da declaração de Lula recomendados para a
militância e com a campanha “Pode Espalhar”, lançada pelo PT e arquitetada por
uma das agências de comunicação que prestam serviços a esse ecossistema.
A estratégia tem por trás o Instituto Lula, a
Fundação Perseu Abramo e sindicatos. Os materiais são produzidos por Agências
de comunicação contratadas pelo partido e por outras entidades.
O que diz a Secom
Procurado para esclarecer como se dá aval à
interlocução de servidores do governo com estrategistas que prestam serviços ao
partido político, a Secom disse que seus colaboradores só produzem conteúdos
institucionais, “sem sofrer interferências de quaisquer agentes externos nem
executar tarefas para outras entidades”.
Disse ainda que no caso dos cortes do pronunciamento
de Lula que acabaram quase instantaneamente usados pela coordenação da campanha
petista “houve edição do conteúdo para distribuição aos diversos órgãos do
governo, aos ministros e a parlamentares”.
“Cabe destacar que o material foi publicado nos
canais oficiais do presidente e nos perfis gov.br e que o engajamento para
distribuição de conteúdo é estratégia comum e legítima no âmbito da comunicação
em redes sociais”, acrescentou.
Estadão
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