O Rio Grande do Norte tem
73,3 mil empresas inadimplentes com cerca de 490 mil dívidas negativadas, que
somadas chegam a R$ 1,51 bilhão. O número representa 28,2% de todas as empresas
potiguares e está abaixo da média nacional (30,8%) e regional do Nordeste
(31%). As informações constam em um levantamento do Serasa Experian, com dados
até o último mês de julho. A série histórica, monitorada pela datatech, com
início em 2019, mostra que o endividamento de empresas no Rio Grande do Norte
avançou 21,3% em cinco anos, no intervalo de julho de 2019 a julho de 2024.
Considerando o percentual
de endividamento na região, o RN ocupa uma posição intermediária, atrás do
Ceará (25,8%), Paraíba (25,8%) e Piauí, que tem a menor taxa de endividamento
(23,5%). A maior taxa da região é de Alagoas, com 42,4% das empresas com
dívidas negativadas. “A inadimplência subiu ao longo dos últimos anos em todos
os estados, alguns mais outros menos, mas tivemos esse crescimento. Acho que
podemos dizer que o comportamento do RN foi ‘menos pior’, porque cresceu
também, mas cresceu abaixo da média nacional”, comenta Luiz Rabi,
economista-chefe do Serasa Experian.
Em termos de volume total,
o valor das dívidas no Estado aumentou de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,51 bilhão no
período de um ano, um aumento de 25,8%. Ampliando a conta para cinco anos,
comparando com julho de 2019, quando as dívidas acumulavam R$ 822,5 milhões, o
salto é de 84,2%. O panorama atual do Rio Grande do Norte, conforme as
planilhas do Serasa Experian, mostra também que a média por CNPJ é de 6,7
dívidas, no valor médio de R$ 20,6 mil.
Dentre as 6,9 milhões de
empresas inadimplentes no Brasil, cerca de 6,5 milhões são micro e pequenas. No
RN, essa tendência se repete. Das 73,3 mil empresas inadimplentes, 69,7 mil são
enquadradas como micro e pequenas empresas (95%). O economista-chefe da Serasa
Experian, Luiz Rabi, diz que os números indicam que os empreendimentos de menor
porte têm sido os mais afetados pelas dificuldades financeiras e também
enfrentam mais dificuldades para se recuperar.
A pesquisa não detalha os
setores por estados, mas o resultado nacional reflete a realidade do Rio Grande
do Norte, diz Rabi. O setor de “Serviços” lidera a lista de setores mais
impactados pela inadimplência no Brasil, com 55,9% das empresas endividadas
pertencendo a esse segmento. Em seguida, vêm o “Comércio” (35,6%), “Indústrias”
(7,3%), “Primário” (0,8%) e “Outros” (0,3%), que englobam o setor financeiro e
o terceiro setor.
“O setor de serviços é
aonde se concentram as micro e pequenas empresas. A gente tem uma estatística
de nascimento de empresas, que a gente acompanha todos os meses e cerca de 80%
são de micro e pequenas empresas, sendo dois terços no setor de serviços. É um
setor predominantemente constituído de micro e pequenas empresas”, acrescenta o
economista.
Comércio é o setor mais
vulnerável, diz Fecomércio
Na análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RN
(Fecomércio/RN) não se pode discutir o aumento do endividamento entre 2019 e
2024 sem mencionar o impacto da pandemia de covid-19 em 2020. “Nesse período, a
carteira de crédito às empresas registrou um crescimento significativo. Esse
aumento foi impulsionado pela maior disponibilidade de crédito, uma medida
essencial para apoiar as empresas durante a crise sanitária. Contudo, em março
de 2021, teve início um ciclo de elevação da taxa de juros”, analisa a
entidade.
Esse aumento no custo do crédito, segundo a Fecomércio RN, combinado com as
restrições econômicas e sanitárias do período, resultou em dificuldades para
muitas empresas quitarem suas dívidas. “A alta dos juros não só encareceu as
operações de crédito, como também agravou a situação financeira de diversas
empresas, já impactadas pela queda na demanda e interrupções nas atividades
econômicas causadas pela pandemia”, afirma.
A entidade alerta que para alcançar saúde financeira, é essencial monitorar o
endividamento e adotar estratégias de redução de custos e renegociação de
dívidas. “Essas medidas são fundamentais para um maior equilíbrio e
sustentabilidade financeira”, diz.
O presidente da Fecomércio
RN, Marcelo Queiroz, destaca que, segundo levantamento do Sebrae RN referente a
2023, as micro e pequenas empresas (MPEs) são responsáveis por cerca de 86% dos
empregos formais e 36,6% do PIB do Estado, tornando crucial a atenção à sua
saúde financeira. “O comércio, que concentra aproximadamente 74,2 mil MPEs, é o
setor mais representativo e o mais vulnerável, o que demanda monitoramento
constante e políticas de apoio específicas. Garantir a sustentabilidade dessas
empresas é fundamental para preservar tanto a geração de renda quanto os
empregos, que são pilares da economia local”, diz ele.
DICAS
Para ajudar os empreendedores a enfrentar o desafio da inadimplência e manter a
saúde financeira de seus negócios, Alessandro Schlomer, consultor em
planejamento financeiro e CEO da Potencer Soluções Corporativas, dá dicas
essenciais que podem fazer a diferença na gestão do seu empreendimento.
Confira:
- Tenha controle rigoroso do seu fluxo de caixa:
monitore as entradas e saídas de dinheiro diariamente, segregue o fluxo operacional
e não operacional, utilize ferramentas de gestão financeira para
automatizar o processo e mantenha um fluxo de caixa positivo, com mais
entradas do que saídas. Você pode utilizar softwares como Omie, Conta
Azul, MXM, ou até mesmo uma planilha bem estruturada para facilitar a
gestão financeira;
- Faça um planejamento financeiro detalhado:
defina metas e objetivos claros, crie um orçamento minucioso, incluindo
todas as receitas, custos e despesas previstas, e acompanhe o desempenho
do seu negócio em relação ao seu orçamento;
- Gerencie seus custos de forma eficaz:
identifique e categorize todas as suas despesas, negocie melhores preços
com seus fornecedores, busque maneiras de reduzir custos desnecessários, e
acompanhe uma DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) gerencial
(aberta por linha de negócio). Exemplo: o lucro sobre a receita para
entender o percentual de lucratividade do negócio;
- Invista em sua empresa: reserve parte do seu
lucro para reinvestimento no negócio – em novos produtos, serviços,
marketing e tecnologia, e aumente a sua produtividade e eficiência;
- Pessoa física x Pessoa jurídica: não misture
suas contas pessoais com as contas corporativas e tenha uma conta bancária
de pessoa jurídica;
- Mantenha-se atualizado sobre as suas finanças:
revise-as regularmente e faça ajustes no seu planejamento financeiro
conforme necessário. A saúde financeira é fundamental para o seu sucesso a
longo prazo.
Números do RN (julho 2024)
- 73.324 empresas inadimplentes
- 490.072 dívidas
- R$ 1.514.868.000,00 em dívidas
- 6,68 dívidas por CNPJ em média
- Dívida média de R$ 20.659,93
Ranking do endividamento
(Nordeste)
- Alagoas – 42,4%
- Maranhão – 40,0%
- Pernambuco – 32,9%
- Sergipe – 32,3%
- Bahia – 29,5%
- Rio Grande do Norte – 28,2%
- Ceará – 25,8%
- Paraíba – 24,6%
- Piauí – 23,5%
Fonte: Serasa Experian
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