Por Iuri Pitta, CNN
Dois pesquisadores do Laboratório de Imunologia do
Instituto do Coração (Incor), da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FM-USP), anunciam neste domingo (15) o desenvolvimento de uma vacina
contra o coronavírus,
chamado pelos cientistas de Sars-COV-2 e também conhecido como Covid-19.
O diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e
coordenador do projeto, Jorge Kalil, e o pesquisador responsável, Gustavo
Cabral, trabalham em uma estratégia diferente da adotada por indústrias
farmacêuticas e grupos científicos de outros países. Se tudo correr dentro do
esperado, os testes da vacina em animais terão início nos próximos meses. O
projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp).
A vacina brasileira é desenvolvida por meio de VLPs
(Virus Like Particles, na sigla em inglês), o que significa produzir partículas
semelhantes às do vírus. Elas são inoculadas com antígenos – substâncias que,
depois de introduzidas no corpo humano, estimulam o sistema imunológico a
produzir anticorpos contra o Covid-19. Pesquisas como a anunciada recentemente
nos Estados Unidos utilizam outra técnica, chamada mRNA (RNA mensageiro).
Kalil explicou que o método utilizado é similar ao da
vacina do HPV, mas com uma tecnologia mais avançada. A título de comparação, a
vacina contra a gripe do H1N1 usa como estratégia a injeção do vírus inativado,
ou destruído. "Essa técnica demora mais tempo para ser desenvolvida,
porque é preciso comprovar que a doença não vai se manifestar", disse o
pesquisador à CNN Brasil. "Nossa técnica é mais moderna e mais
rápida."
Originalmente, o projeto sob responsabilidade de
Cabral e coordenado por Kalil estava voltado à produção de vacina, por meio de
VLPs, contra doenças como a causada pelo vírus zika. Com a pandemia do novo
coronavírus, o projeto foi revertido para esta nova finalidade.
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