ESTADÃO
CONTEÚDO
A Justiça
suíça citou pela primeira vez em um documento oficial suspeitas sobre o
financiamento de uma campanha presidencial do PSDB, ao mencionar um pedido de
cooperação judicial entre o Brasil e o país europeu. No foco da apuração está
uma movimentação de cerca de R$ 43,2 milhões bloqueados em contas na Suíça.
As
informações constam em uma decisão do Tribunal Penal Federal da Suíça, de 26 de
setembro deste ano, que rejeitou recursos apresentados pelos suspeitos para
impedir que o processo de cooperação seguisse adiante.
Esse é o
segundo caso de colaboração entre Brasil e Suíça que envolve o PSDB. Na
primeira solicitação, Berna enviou ao Brasil os extratos bancários das contas
atribuídas ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza. O Ministério Público da Suíça confirmou,
entretanto, que, no caso dos R$ 43,2 milhões, o foco não é o ex-diretor da
Dersa.
Por estar
ainda sob investigação, porém, os nomes dos suspeitos são mantidos em sigilo.
De acordo
com o documento, o Ministério Público Federal brasileiro, em 27 de junho de
2017, apresentou um pedido de assistência judicial à Suíça “em um processo
criminal instaurado contra B. e outros por lavagem de dinheiro, corrupção ativa
e passiva”. A letra “B” se refere a um suspeito, cujo nome foi mantido em
confidencialidade – a letra não se refere à inicial de seu nome.
Segundo o
documento, os suíços mencionam a investigação brasileira e o fato de ela ter
uma relação com o financiamento de campanha do partido. De acordo com o
tribunal da Suíça, a solicitação de cooperação do Brasil se refere a pessoas
que seriam “suspeitas de terem concordado que o grupo C. deveria pagar, em
troca da implementação de um contrato de empréstimo celebrado por eles com D.
(uma joint venture brasileira ativa no desenvolvimento do serviço rodoviário,
controlada por governo do Estado de São Paulo para a construção, exploração,
manutenção e gestão de autoestradas e nós intermodais), o dinheiro para
financiar a campanha presidencial do PSDB”. Os grupos C e D se referem a
empresas cujos nomes tampouco foram revelados.
O pedido de
cooperação solicitava em 2017 que os suíços bloqueassem ativos em contas
identificadas, que chegariam a R$ 43,2 milhões. De acordo com o Tribunal, isso
seria “equivalente a mais de 10 milhões de francos suíços, valor total pago
pelo Grupo C. em uma base de corrupção entre 2006 e 2012”.
Defesa. Procurada, a cúpula do PSDB
afirmou que a atual direção do partido não irá se pronunciar por enquanto, até
saber exatamente do que se trata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário