Antes
acostumado a correr, o gato Rubinho agora caminha ressabiado pela galeria
Cidade Copacabana, na Rua Siqueira Campos. Os movimentos lentos e a orelha
ereta indicam que o bichano ainda não se sente tão à vontade com antes para
circular pelos corredores. Pudera. Há três meses, ele estava proibido de pisar
na área comum do centro comercial, por decisão do conselho de administração
local. A questão foi parar na Justiça e, na última quinta-feira, saiu uma
decisão favorável ao animal, como noticiou Ancelmo Gois. A juíza Marcia Correia
Hollanda, da 47ª Vara Cível do Rio, concedeu tutela de urgência para permitir
que Rubinho estique as patas onde bem entender enquanto o caso não recebe uma
sentença.
O
comerciante Pedro Duarte Correia, de 84 anos, respirou aliviado com a decisão.
Dono de uma loja que funciona há quatro décadas na galeria, o empresário adotou
o gato em 2010. Desde então, o animal caiu nas graças dos clientes e se tornou
uma espécie de mascote. Mas o humor de Rubinho mudou nos últimos meses.
Proibido de andar livremente, ele vinha sendo mantido dentro de uma caixa, no
interior da loja.
Segundo o lojista, o animal entrou em depressão.
Segundo o lojista, o animal entrou em depressão.
— Ele ficou
doente. Chegou ao ponto de não querer mais comer. Só agora está voltando ao
normal. Ainda fica retraído quando chamam ele do lado de fora da loja, mas aos
poucos vai voltar a ser como era antes — conta Pedro.
Com a ajuda
de um advogado voluntário, Pedro entrou com uma ação na Justiça para reverter a
decisão do conselho. Entre os documentos apresentados, anexou laudo veterinário
indicando que o cativeiro estava prejudicando a saúde e vitalidade do animal,
que estaria "sob efeito de estresse e com risco de depressão". O
argumento foi recebido pela magistrada, que acrescentou: "pela idade de
´Rubinho´ - prováveis 10 anos - o animal não consegue mais se adaptar a tal
medida".
Cinco mil assinaturas
A confusão
começou em meados junho, quando o lojista recebeu uma notificação do conselho
proibindo a circulação do bichano nas áreas comuns. De acordo com o documento,
o regimento interno permite que animais domésticos circulem, desde que estejam
sempre acompanhados dos donos. O lojista conta que chegou a receber uma multa,
no valor de um salário mínimo. Ele recorreu da cobrança, mas obedeceu a ordem
de manter o felino dentro dos limites da loja.
A proibição
gerou revolta por parte dos clientes, que criaram um abaixo-assinado virtual
pela liberdade de Rubinho. Cerca de cinco mil pessoas assinaram o documento.
Uma delas foi Zulmira Bernardo, de 65 anos. Após saber da decisão da Justiça, a
aposentada voltou à galeria na tarde desta segunda-feira para afagar Rubinho.
— Soube que
ele tinha sido liberado e vim ver se era verdade. Todos gostam do Rubinho. É
inofensivo, não faz mal a ninguém. Foi uma maldade o que fizeram com ele —
desabafa ela.Da mesma opinião partilha Eliana Belmonte, de 54 anos. Na opinião
dela, a punição a Rubinho teve como pano de fundo outros interesses.
— Acho que
tudo não passou de uma represália a seu Pedro, que foi síndico por muitos anos,
por discordar das ideias da atual administração. E quem pagou foi o Rubinho —
lamenta.
Na decisão
da tutela antecipada, a juíza afirma que "não consta na Convenção do
Condomínio qualquer vedação à circulação de animais domésticos o que,
evidencia, a princípio, a abusividade da imposição da multa referida"
Procurado, o conselho de administração da galeria não quis se pronunciar.
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