FOLHAPRESS
O anúncio
do fim do Esporte Interativo na grade da televisão por assinatura do
país, nesta quinta-feira (9), surpreendeu os clubes que fecharam
acordo de transmissão com o canal na TV fechada para o Campeonato
Brasileiro a partir de 2019.
O Bahia, um
dos sete times da Série A que assinaram com a emissora, quer pedir a rescisão
do contrato na Justiça.
“Se forem
confirmadas as informações prévias que temos, somadas aos problemas contratuais
já identificados, o Bahia vai buscar a rescisão do contrato via arbitragem e
até via judicial. Entendemos que virou muito diferente do que foi proposto
inicialmente e vamos buscar a rescisão”, afirmou à Folha o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani.
O dirigente
disse que o clube não esperava o anúncio do encerramento do Esporte Interativo
na televisão brasileira.
“Não
tínhamos essa noção. Temos alguns problemas contratuais e agora comercial, pois
a mudança de canal afeta muito nossa estratégia e divulgação de marca”.
“Estou
aguardando posição do nosso departamento jurídico. Todos nós fomos pegos
absolutamente de surpresa”, afirmou Marcello Frazão, diretor de marketing do
Santos.
Além de
Bahia e Santos, mais cinco times atualmente na Série A fecharam contratos em TV
fechada com a empresa do grupo Turner: Atlético-PR, Ceará, Internacional,
Palmeiras e Paraná.
O Palmeiras,
por meio de sua assessoria de imprensa, diz que o fato é novo e o clube estuda
as implicações da mudança.
O
Atlético-PR também se disse surpreendido com a notícia, mas ainda vai esperar
uma análise mais detalhada sobre o acordo.
“Fui tão
surpreendido quanto os outros clubes. Primeiro, preciso me informar. Vamos
analisar o contrato”, disse Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho
Deliberativo do Atlético-PR e homem-forte da política do clube.
“Estou
aguardando uma posição do jurídico. Todo mundo foi surpreendido com a notícia.
Todos pegos absolutamente de surpresa, lamentamos muito, era um canal
importante na cobertura esportiva e é uma notícia muito ruim para o mercado ter
um veículo a menos. Agora, em termos práticos, vamos analisar o contrato e
entender melhor as implicações”, disse Marcello Frazão, diretor de marketing do
Santos.
Robinson de
Castro, presidente do Ceará, disse que espera ser chamado para uma reunião com
a empresa e que o momento é de aguardar uma definição sobre o acordo.
“Nunca
imaginamos que isso ia acontecer. Imagino eu que os contratos deverão ser
honrados. Ou executando ou de outra forma. Vamos ver o que acontece”, disse
Castro.
O Esporte
Interativo foi procurado para comentar a reação dos clubes, mas não respondeu
até o momento.
A gigante
das telecomunicações americana AT&T comprou em maio deste ano, por 85,4
bilhões de dólares (R$ 330 bilhões), a Time Warner, passando a ter o controle
dos estúdios Warner Brother’s, da emissora HBO e dos canais da Turner.
Como a
AT&T já tinha no Brasil a Sky, empresa de TV por assinatura,
ficaram questões regulatórias em aberto por conta da Lei da TV Paga,
o que impactou na decisão de encerrar o canal.
Assim, a
fusão foi uma das principais causas para o encerramento das atividades do canal
na televisão. A redução de assinantes na TV paga, o mercado em crise e mudanças
nos hábitos do consumidor são outros motivos.
Segundo
comunicado do grupo, parte da programação será migrada para os canais TNT e
Space, que também fazem parte do Grupo Turner.
Foi
justamente o fato de ter os jogos transmitidos em um canal que não aquele com
quem foi fechado contrato que desagradou aos clubes. Esse procedimento já era
utilizado pela Turner em alguns jogos da Liga dos Campeões da Europa, principal
torneio exibido pela emissora.
Com o
movimento de migração dos eventos e programas esportivos para TNT e Space, a
Turner quer criar os chamados “superstations”, canais que contemplam vários
gêneros em sua programação e são considerados pela Turner um sucesso nos EUA.
“Ao integrar
o melhor do Esporte Interativo com a TNT e o Space teremos os primeiros
superstations para o público brasileiro, com o melhor de todos os gêneros,
atendendo aos desejos dos nossos fãs, incluindo futebol ao vivo, séries
originais, programas de variedades, blockbusters de Hollywood e eventos
exclusivos ao vivo”, diz Antonio Barreto, gerente geral da Turner Brasil.
O Esporte
Interativo seguirá produzindo conteúdo e atualizando seus perfis nas redes
sociais, conforme comunicado divulgado pelo canal.
“O foco nas
plataformas digitais e o engajamento nas redes sociais do Esporte Interativo
permanecem inalterados. As audiências de esportes estão claramente migrando
para essas plataformas, e a Turner está comprometida em liderar essa
transformação no nosso mercado, o mais importante para a empresa depois dos
EUA”, afirma Barreto.
A respeito
dos torneios a que tem direitos de transmissão, o Esporte Interativo diz que
seguirá com seus compromissos em relação à transmissão da Liga dos Campeões
pelas próximas três temporadas e do Campeonato Brasileiro a partir de 2019 e
pelos próximos seis anos, mas nos outros canais do grupo.
Os canais
Esporte Interativo, bem como suas atividades de produção, serão desativados nos
próximos 40 dias.
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