No dia
seguinte à sua eleição para presidente da Repúblicaem
2002, reunido em um hotel da capital paulista com os principais membros de sua
campanha, Lula foi logo advertindo:
– Nesta sala, as únicas pessoas votadas e eleitas fomos eu e
o José Alencar.
Em seguida, comentou que haveria lugar para todos eles no seu
governo. De fato, estava preocupado com a disputa de cargos. E queria reforçar
a sua autoridade e prestigiar Alencar, seu vice.
Condenado a 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, impedido de ser candidato, Lula não tem mais cargos para oferecer a
ninguém, mas tem votos.
E é por tê-los, como mostram todas as pesquisas, que subjuga o PT
à sua exclusiva vontade de seguir dizendo que apesar da lei, ele será candidato
em outubro, e só deixará de ser quando quiser.
Parte dos seus acólitos acredita que Lula é um sábio, quase não
erra. E que ao se apresentar como candidato, só se fortalece para na hora certa
abençoar outro nome e transferir-lhe seus votos.
Outra parte dos acólitos acha que Lula erra quando adia a escolha
de outro nome, e que isso poderá prejudicar o desempenho do partido. Mas não
tem coragem para opor-se a ele.
A mais recente pesquisa Datafolha foi celebrada pelo PT como uma
prova a mais da força eleitoral de Lula, de como ele continua vivo na memória
coletiva e de como tem razão em se dizer candidato.
A pesquisa, porém, trouxe uma informação que o PT preferiu
ignorar. Há um ano, quando perguntados em quem pretenderiam votar para
presidente, 15% dos eleitores diziam o nome de Lula.
Agora, só 10% dizem a mesma coisa. Lula perdeu, portanto, 1/3 da
intenção de voto espontânea. Certamente porque os eleitores, aos poucos, estão
se convencendo de que ele não será candidato.
Quanto mais o PT demorar a indicar um
candidato à vaga de Temer, mais eleitores de Lula se sentirão à vontade para
fazer suas escolhas pessoais sem esperar uma ordem de cima. Elementar.
O PT parece estar para Lula como milhares de pessoas nos anos 70
do século passado estiveram para James Warren “Jim” Jones, fundador e líder nos
Estados Unidos do culto Templo dos Povos.
Em novembro de 1978, na Guiana inglesa, pouco mais de 900 fiéis de
Jim Jones, estimulados por ele, espontaneamente tomaram veneno e morreram. Foi
o maior caso de suicídio coletivo até hoje.
Em uma fita gravada na ocasião, ouve-se a voz do pastor dizendo:
“Cometemos um ato de suicídio revolucionário para protestar contra as condições
de um mundo desumano”.
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